Wolney participou de reunião com lobista investigado no escândalo do INSS; Ministro diz que não sabia previamente da presença do ‘careca’

Mário Flávio - 03.06.2025 às 08:14h

O atual ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz (PDT), participou de uma reunião com o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, em janeiro de 2023, logo no início do governo Lula. O encontro ocorreu dentro do ministério e contou com a presença de três ex-dirigentes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), hoje sob investigação da Polícia Federal por suposto envolvimento em um esquema de fraudes contra aposentados.

Dois caruaruenses estavam na foto da reunião: Osório Chalegre, atualmente o número dois do ministério, e Leandro Chaves, que atua como assessor do ministro. À época, Wolney ainda era deputado federal e havia sido indicado para assumir o cargo de secretário executivo da Previdência, posição que ocuparia oficialmente um mês depois. Ele permaneceu como número dois do então ministro Carlos Lupi até maio deste ano, quando assumiu a titularidade da pasta após a saída de Lupi, que pediu demissão em meio à repercussão da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal.

A operação revelou um esquema que teria desviado cerca de R$ 6,3 bilhões desde 2019, por meio de descontos indevidos em aposentadorias. Entre os suspeitos estão ex-dirigentes do INSS que participaram da reunião com Wolney e o lobista: André Fidelis (então diretor de Benefícios), Alexandre Guimarães (Governança) e Virgílio Oliveira Filho, então procurador-geral do instituto e organizador do encontro, segundo nota do ministério.

Em resposta ao portal Metrópoles, o ministro Wolney afirmou que a agenda foi “organizada e conduzida” por Virgílio Oliveira Filho, e tinha como objetivo apresentar um panorama técnico da pasta durante o processo de transição. A nota também esclareceu que Wolney não foi informado previamente sobre a presença dos participantes.

A reunião, ocorrida em 12 de janeiro de 2023, não consta na agenda oficial de nenhum dos envolvidos. Como Wolney ainda não ocupava cargo no Executivo, não havia exigência de divulgação de compromissos públicos.

O caso reforça a pressão sobre o Ministério da Previdência, envolvido em um dos maiores escândalos do início do atual governo, e reacende debates sobre a transparência nas transições de comando em pastas estratégicas do governo federal.