Em uma disputa (nem mais tão silenciosa) pelo protagonismo do PDT em Pernambuco, os Queiroz de Caruaru – senhores do partido há tempos – e o midiático deputado federal Túlio Gadelha – cristão novo no panteão pedetista – estão ensaiando um armistício com vistas à 2020. A “trégua”, claro, pode trazer benefícios para ambos os lados, já que ninguém está aí para fazer graça para ninguém. É um caso onde os interesses pessoais podem acabar dando certo para a sigla como um todo. Eu explico.
Os termos do acordo são simples: Zé e Wolney Queiroz, presidente estadual da sigla, comandariam todas as alianças do PDT no interior; enquanto Túlio ficaria com batuta do partido na Região Metropolitana do Recife. Ninguém atrapalharia ninguém. Os Queiroz estariam livres para negociar alianças em várias cidades interioranas que são importantes para o jogo político estadual; sobretudo Caruaru, onde Zé deve tentar seu quinto mandato de prefeito com boas chances de vitória.
Já Túlio teria a garantia de que seu projeto de concorrer à Prefeitura do Recife não venha a ser sabotado pela direção estadual da legenda. De quebra, o namorado de Fátima Bernardes ainda poderia ditar o papel do PDT nas outras disputas metropolitanas. Esses termos afastariam a possibilidade do deputado federal migrar para o MDB ou para outra agremiação, como vem se especulando, com o objetivo de ser candidato de todo jeito. Se concretizado, o trato, a princípio, parece justo para os dois lados. Mas calma! Eles precisam combinar com os russos.
Os russos, nesse enredo, são os caciques nacionais pedetistas. Pernambuco é um estado que, com certeza, a cúpula do partido crescerá os olhos. Há outros elementos explosivos na equação, que atendem pelos nomes de Ciro Gomes, eterno presidenciável e uma espécie de padrinho de Túlio, e Carlos Lupi, “dono” da legenda, cuja relação de proximidade com os Queiroz é histórica. Eles, certamente, vão querer apitar e ter peso nos rumos do partido por aqui. Portanto, apesar de parecer o melhor caminho, o armistício ainda não está assegurado; depende, também, de uma costura lá por cima. Vamos acompanhar as cenas do próximo capítulo.