Por volta de 19h o espaço da realização da plenária já estava lotado com vários moradores aguardando em pé o início da reunião. Era palpável a expectativa e a tensão entre os participantes, pois nas rodas e conversas o assunto era um só: será que dessa vez o calçamento saí? Ou teremos mais uma vez promessas vazias, como em: 2008, 2010 e 2012? A plenária começou às 20h com a exposição da secretária de Participação Social, Louise Caroline, destacando a relevância do Orçamento Participativo como elemento básico de uma gestão democrática e plural.
Em seguida falou o morador do bairro e autor da propositura, Leandro Gomes, que ressaltou a necessidade imediata do calçamento e saneamento, mas também aproveitou para reafirmar seu voto e apoio ao prefeito e nos candidatos do seu grupo político. Uma das surpresas da noite foi o pronunciamento ácido do ex-secretário Eduardo Guerra, presidente da Associação de Moradores do Bairro, que em sua fala relembrou as inúmeras promessas feitas ao longo dos anos. Ele destacou os percalços dos moradores em lidarem, além com o esgoto e com a lama, com as muriçocas, os animais soltos nas vias públicas e cobrou de maneira incisiva uma explicação clara pelo atraso das obras até momento.
Logo depois foi a vez do deputado federal Wolney Queiroz, prestar conta da sua atuação parlamentar, quando historicizou o volume de verbas conseguidas em Brasília. Principalmente os 100 milhões de reais para a mobilidade urbana do PAC 2, liberados pelo Ministério das Cidades para Caruaru. Em seguida, cinco moradores sorteados tiveram três minutos para falar, de maneira unânime, ressaltaram o abandono a longo prazo do bairro, apesar do crescimento intenso do mesmo nos últimos anos. Elencaram além do calçamento e saneamento, a ausência de CEP nas ruas, a escuridão das vias públicas, a falta de segurança e manutenção do Parque das Baraúnas, sendo apoiados pelos ouvintes com vigorosas salvas de palmas.
O fechamento coube ao prefeito Zé Queiroz, que destacou o caráter inédito dessas plenárias na cidade e reafirmou seu compromisso em desenvolver ainda mais Caruaru, com a participação da sociedade. Expôs a limitação do orçamento municipal em atender todas as demandas do bairro, destacou o papel do deputado Wolney Queiroz em conseguir recursos para a cidade. Colocou que seu filho deveria ser aplaudido em pé por todos ali presentes, o que não ocorreu, pois somente com as verbas conseguidas pelo mesmo, a sua gestão estaria conseguindo superar a queda nos repasses municipais.
A sua fala era frequentemente interrompida por alguns participantes, que queriam logo uma definição sobre o que efetivamente a prefeitura iria fazer, se calçar todas as ruas ou algumas. Com muitos não aceitando de bom grado, a limitação do número de ruas que iriam ser calçadas e saneadas e cobrando logo a definição da data para o início das obras. O prefeito falou que sabia das dificuldades dos moradores, mas que não iria prometer o que não poderia cumprir, pois se mentisse não poderia encarar os moradores. E disse que diferente do vice-governador João Lyra, que em 2010 prometeu o saneamento do bairro, e até agora nada realizou. Ele estava ali para garantir de maneira imediata, com recursos municipais, o calçamento e saneamento da via principal.
Com as obras iniciando em setembro de 2012 e tão logo fossem liberados os recursos federais, mais sete ruas seriam calçadas e saneadas. O clima que era de expectativa se desanuviou com o prefeito sendo aplaudido pelos moradores, apesar da frustração dos que não tiveram o nome das suas ruas contempladas.
*Mário Benning é professor e analista político.