
No final da Audiência, Aparecida chegou a ficar emocionada e pediu apoio do poder legislativo para elencar prioridades para a Saúde
Burocracia e limitações financeiras. Assim podem ser sintetizado o foco do discurso da secretária de Saúde de Caruaru, Aparecida Souza, ao explicar a representantes do Cremepe, Simepe e vereadores, durante Audiência Pública na Câmara Municipal, para debater a estrutura de Saúde Pública em Caruaru. A secretária ressaltou que reconhece os problemas relacionados à gestão de saúde, mas ponderou que denúncias de casos pontuais ou isolados não revelam todo o panorama da Saúde na cidade, já que, segundo ela, a prefeitura melhorou o gerenciamento de recursos no setor, mas ainda depende muito de verbas federais que não seriam enviadas adequadamente.
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“No entanto, nós dependemos do envio de recursos do Ministério de Saúde, infelizmente há uma falha no repasse de verbas. Atualmente nós já utilizamos 23% do orçamento municipal para a rede de saúde Mas ocorre que, por exemplo, para recebermos recursos do governo federal, é necessário que sejam direcionados para unidades próprias. No caso da Casa de Saúde Bom Jesus, que é nossa maternidade, está instalada num prédio arrendado e por isso não pode receber recursos. A solução para isso foi que o Estado vai construir o Hospital da Mulher, que absorverá o Jesus Nazareno e a gente passará a ocupar o prédio do HJN, que é público e aí passaremos a receber os recursos federais. O problema é que houve um atraso na licitação para construção do hospital e, por conta disso, esses planos serão adiados por mais um ano. Nesse contexto, na média complexidade dessa área, considerando SAMU e Policlínicas, trabalhamos com um déficit de R$ 2 milhões. Isso significa dizer que nossas despesas estão acima do que nós recebemos e aí não temos como recuperar essas unidades municipais, porque não há recursos suficientes”, explicou Aparecida.
Ela também comentou sobre as falhas na estrutura da Casa de Saúde Bom Jesus e sobre o fechamento da UTI da unidade. “O prédio do hospital é da década de 40 ou 50. Recentemente, há cerca de 60 dias, por exemplo houve uma pane elétrica. Nos últimos meses a UTI da Casa de Saúde atendia 30% da sua capacidade e a maioria dos pacientes do local não tinha características de UTI. Fizemos uma avaliação dos atendimentos realizados na UTI e percebemos que havia uma contribuição muito pequena, então decidimos fechar a ala durante 60 dias para fazer uma recuperação. Estamos fazendo a revisão elétrica e já estamos em vias de reabrir a ala”, justificou.
Outro ponto destacado pela secretária foram as reivindicações trabalhistas dos médicos, feitas em nome do Simepe e Cremepe. “Nós estamos em um momento de discussão salarial. Eu sou extremamente franca e aberta ao diálogo, essas reivindicações apresentadas pelos médicos são relevantes e eles têm o direito de que sejam cumpridas, se não fosse o contexto em que estamos inseridos, de dificuldade no repasse de verbas”, continuou a secretária, que depois de mais de 40 minutos de esclarecimentos, foi rebatida pelos vereadores da oposição, que concentraram as críticas em deficiências que encontram em unidades hospitalares da cidade, a exemplo do Manuel Afonso.
No entanto, Aparecida reforçous os problemas ligados a repasses de verbas e apelou aos vereadores que as recentes denúncias feitas pela base de oposição não desviassem o foco da discussão sobre a qualidade da rede de saúde. Segundo a secretária, uma das imagens apresentadas pelos edis como uma sala de atendimento em situação precária e sem equipamentos, seria na verdade uma sala de atendimento nutricional, o que revelaria o desconhecimento dos parlamentares sobre o assunto.
“Seria importante formar uma comissão , ou a própria comissão do Conselho Municipal, para avaliar soluções para esses problemas e definir as prioridades que devem ser estabelecidas para melhorar a qualidade da Saúde. Eu gostaria que os vereadores fossem comigo conferir os investimentos que fizemos no Manuel Afonso, para que se soubesse as melhorias que foram feitas desde a última gestão. Em nenhum momento eu deixei de reconhecer as carências da Saúde em Caruaru, principalmente na atenção básica; mas não podemos nos focar apenas em denúncias de casos pontuais, como equipamentos enferrujados, quando temos um problema muito maior, que se refere a essas limitações financeiras, que fogem a minha governabilidade”, argumentou Aparecida, que já ao final da audiência, emocionou-se diante e chegou a chorar brevemente, mas se conteve e reforçou seu apelo.