O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi recebido com uma combinação de vaias e aplausos durante a participação na 26ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, realizada nesta terça-feira (20) na capital federal. O evento, promovido pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), reuniu cerca de 14 mil gestores municipais, incluindo prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e secretários de todo o país. 
As manifestações de descontentamento ocorreram em pelo menos três momentos: na entrada de Lula no palco, ao ser anunciado para discursar e ao final de sua fala. Embora também tenha recebido aplausos, as vaias foram predominantes. O presidente manteve a compostura, ignorando as manifestações negativas e prosseguindo com seu discurso.  
Durante sua fala, Lula enfatizou que o governo federal atende aos prefeitos independentemente de suas filiações partidárias. Ele também anunciou a preparação de um programa de crédito para reforma de moradias, visando beneficiar famílias de baixa renda com juros mais acessíveis.  
O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, utilizou seu discurso para cobrar ações do governo federal, especialmente em relação à desoneração da folha de pagamento dos municípios. Ziulkoski defendeu a aprovação da PEC 66, que propõe um novo prazo para parcelamento de débitos dos municípios com seus regimes próprios de previdência social e com o Regime Geral de Previdência Social.  
Analistas políticos interpretam as vaias como reflexo das tensões entre o governo federal e os prefeitos, muitos dos quais são filiados a partidos do centrão. Essas tensões têm sido exacerbadas por decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF) que impõem maior transparência na destinação de emendas parlamentares, afetando diretamente os repasses aos municípios. 
