
O mês passado marcou um ponto de virada na história da comunicação nos Estados Unidos: pela primeira vez, o consumo de conteúdo por streaming superou a soma da audiência da TV aberta e da TV a cabo. Dados atualizados revelam que 44,8% da audiência ficou com o streaming, contra 44,2% da televisão tradicional — um marco simbólico que confirma a consolidação do digital como principal meio de entretenimento audiovisual no país.
Desde 2021, o crescimento das plataformas digitais foi expressivo: alta de 71% no streaming, enquanto a TV aberta recuou 21% e a cabo encolheu 29%. O grande protagonista dessa transformação é o YouTube, que sozinho representa 12,5% de toda a audiência de TV nos EUA, mais do que qualquer outro serviço — e isso sem contar o YouTube TV, plataforma de canais ao vivo.
A virada de chave não está restrita às novas gerações. O público com mais de 65 anos — tradicionalmente mais fiel à TV convencional — se tornou a faixa etária que mais cresce no consumo de YouTube na TV. O tempo de exibição desse grupo aumentou 106% em apenas um ano, alcançando o mesmo nível de visualização de crianças de até 11 anos.
Entre os streamings pagos, a Netflix continua liderando, com crescimento de 27% desde 2021. Em busca de expandir ainda mais seu domínio, a gigante do setor anunciou uma parceria inédita com o canal francês TF1, que permitirá a transmissão ao vivo de programação de TV aberta, incluindo esportes, novelas e reality shows — um movimento ousado para integrar a experiência linear ao universo sob demanda.
O recado do mercado é claro: o modelo tradicional de televisão precisa se reinventar. O avanço do streaming deixa evidente que, para permanecerem relevantes, as grandes redes precisarão adaptar seu conteúdo, formato e distribuição à lógica digital, ou correm o risco de ver sua audiência minguar ainda mais.
O futuro da televisão, ao que tudo indica, será cada vez mais remoto, interativo e personalizado — e já começou.