O ex-juiz Sergio Moro desistiu de disputar a Presidência da República e será candidato a deputado federal por São Paulo.
Moro assinou sua filiação ao União Brasil, deixando o Podemos após cinco meses, nesta quinta-feira, em um hotel de São Paulo.
“A troca de legenda foi comunicada à direção do Podemos, a quem agradeço todo o apoio. Para ingressar no novo partido, abro mão, nesse momento, da pré-candidatura presidencial e serei um soldado da democracia para recuperar o sonho de um Brasil melhor”, disse Moro.
Sergio Moro teve dificuldades para se viabilizar como candidato a presidente. Apesar de ser o terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, não conseguiu sair do patamar de 8%, não agregou apoio de outros partidos e, na legenda em que estava, o Podemos, não tinha apoio amplo para seguir no pleito presidencial. O Podemos tem como principal foco nas eleições de 2022 ampliar as bancadas na Câmara e no Senado.
Moro ganhou notoriedade nacional como juiz da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba durante a Operação Lava Jato. Ele deixou a magistratura para aceitar o convite de Jair Bolsonaro (PL) para o Ministério da Justiça, mas abandonou o cargo de ministro após acusar Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal.
Moro deixou o ministério em abril de 2020, acusando o presidente Bolsonaro de interferir politicamente na Polícia Federal. Aliados de Bolsonaro dizem que o ex-juiz traiu o presidente porque não seria indicado para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal.
Já em 2021, Moro sofreu uma dura derrota no STF (Supremo Tribunal Federal), que o considerou parcial nas ações em que atuou como juiz federal contra o ex-presidente Lula (PT). Com isso, foram anuladas ações dos casos tríplex, sítio de Atibaia e Instituto Lula.
Diferentes pontos levantados pela defesa de Lula levaram à declaração de parcialidade de Moro, como condução coercitiva sem prévia intimação para oitiva, interceptações telefônicas do ex-presidente, de familiares e dos advogados antes de adotadas outras medidas investigativas e divulgação ilegal de grampos.
A posse de Moro como ministro de Bolsonaro também pesou, assim como os diálogos entre integrantes da Lava Jato obtidos pelo site The Intercept Brasil e publicados por outros veículos de imprensa que expuseram a proximidade ilegal entre Moro e os procuradores da Lava Jato.
Em resumo, no contato com os procuradores, Moro indicou testemunha que poderia colaborar para a apuração sobre Lula, orientou a inclusão de prova contra um réu em denúncia que já havia sido oferecida pelo Ministério Público Federal, sugeriu alterar a ordem de fases da operação Lava Jato e antecipou ao menos uma decisão judicial.