Saiba o que muda com a aprovação da nova lei eleitoral

Mário Flávio - 12.08.2021 às 15:24h

Como é hoje: Proporcional sem coligações

O sistema tem esse nome porque o número de cadeiras na casa legislativa a que um partido tem direito é definido proporcionalmente aos votos recebidos.

Como funciona o sistema:

Nas eleições para vereador, deputado federal ou estadual, o eleitor vota no partido ou no candidato.

É calculado o quociente eleitoral, que consiste na divisão entre o número de votos válidos (considerando os recebidos pelo candidato e pelo partido) e a quantidade de vagas a serem preenchidas.

A partir dessa conta, é definido o número de vagas a que cada partido terá direito na Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa ou Câmara dos Deputados.

Serão eleitos os candidatos mais votados do partido, que irão ocupar as cadeiras destinadas à legenda.

Coligações entre os partidos não são permitidas desde as eleições de 2020.

Nem todos os eleitos são os mais votados, alguns entram pelo coeficiente eleitoral. Em 2018, de 513 deputados eleitos na Câmara, só 27 dependeram dos próprios votos para se eleger.

Veja um exemplo:

O estado de Pernambuco tem direito a 25 cadeiras na Câmara dos Deputados.
Se a soma de todos os votos válidos para deputado federal no estado tiver sido de 2 milhões, o quociente eleitoral será de 80 mil votos (2 milhões dividido por 25).

Se um determinado partido tiver obtido 800 mil votos (somados os votos dados aos candidatos e os votos dados à legenda), o número de vagas a que terá direito será de 10 (800 mil dividido por 80 mil).

Ocuparão essas vagas os 10 candidatos do partido com as maiores votações.

Na hipótese de o primeiro colocado desse partido ter recebido 200 mil de votos e o 10º ter recebido 20 mil votos, por exemplo, este será beneficiado pela votação do primeiro e será eleito, ainda que candidatos de outros partidos com mais votos que ele não tenham sido eleitos.

Impactos do sistema proporcional:

“Puxadores de votos”: candidatos com votação expressiva, conhecidos como “puxadores de votos” garantem vagas para outros integrantes do partido.

Nesse caso, poderão ser eleitos candidatos com menos votos do que de outras legendas que ficaram com menos vagas.

Candidatos com menos votos: O sistema permite que os partidos levem para as casas legislativas candidatos com votações expressivas e também outros não tão conhecidos.

Favorece a renovação: A renovação do Legislativo tende a ser maior, porque os votos na legenda e nos “puxadores de voto” ajudam a eleger candidatos menos conhecidos.

Valoriza as propostas dos partidos: O foco de muitas campanhas se concentra nas propostas dos partidos e não em candidatos individuais.

Como ficaria: proporcional com coligações

As coligações tinham sido extintas em 2017 e a nova regra tinha passado a valer nas eleições de 2020. Com o “distritão” foi rejeitado no plenário em votação em primeiro turno, foi incluída na proposta em discussão essa possibilidade de retomar as coligações.

Como funciona o modelo:

Os partidos podem se juntar em alianças para disputar a eleição e somar os tempos de rádio e televisão. Depois do pleito, as coligações podem ser desfeitas.

Pelo texto aprovado, seria mantido o sistema proporcional, mas o eleitor poderia votar tanto no candidato ou partido como na coligação.

É calculado o quociente eleitoral, que leva em conta os votos válidos na coligação e no candidato.

Pelo cálculo do quociente, é definido o número de vagas a que cada coligação terá direito.

Serão eleitos os candidatos mais votados da coligação, que irão ocupar as cadeiras destinadas à aliança de partidos.

A volta das coligações é incompatível com o distritão (esse sistema prevê que os votos fiquem somente com os mais votados).

Impactos das coligações:

Pulverização partidária: Favorece partidos pequenos que não têm representatividade e não podem andar com as próprias pernas, uma vez que, com a coligação ganharão força e sobrevida. Isso permite o surgimento de vários partidos, o que pode ter efeitos negativos para os governantes, que terão que negociar com mais legendas.

De olho no tempo de TV: Muitas vezes, partidos acabam se aliando a outros não porque compartilhem dos mesmos ideais, mas porque estão apenas interessados em somar o tempo de propaganda eleitoral no rádio e TV.

Vota em um, elege outro: Outra crítica ao modelo é a de que a aliança de partidos permite que, ao votar em um candidato de uma sigla, o eleitor ajude a eleger candidatos de outros partidos coligados.