O MDB de Pernambuco viveu, na manhã deste sábado (24), uma das disputas internas mais tensas de sua história. Em uma eleição marcada por acusações, articulações intensas e até interferências externas, Raul Henry foi reeleito presidente estadual da legenda, obtendo 65 votos, contra 49 do deputado estadual Jarbas Filho.
O resultado representa mais que a continuidade de Henry à frente do partido. É também uma vitória política expressiva do prefeito do Recife, João Campos (PSB), que entrou diretamente na articulação para apoiar o atual presidente e foi decisivo no desfecho do pleito. Nos bastidores, a avaliação é de que essa eleição interna é um sinal claro dos rumos que o MDB deve tomar nas eleições de 2026.
De um lado, Henry defendeu com firmeza a manutenção da histórica aliança com o PSB, deixando explícito que seu grupo apoia uma possível candidatura de João Campos ao Governo de Pernambuco no próximo ano. “Temos uma posição muito clara. Nós defendemos uma aliança com o PSB e desejamos muito que o prefeito João Campos se lance candidato ao governador de Pernambuco para a gente apoiá-lo”, afirmou, em declarações durante o processo eleitoral.
Do outro lado, Jarbas Filho, filho do ex-governador Jarbas Vasconcelos, defendia um MDB mais independente, livre da aliança automática com o PSB, e se mostrava aberto a uma aproximação com o grupo da governadora Raquel Lyra (PSDB). Inclusive, nos bastidores, há relatos de que o Palácio do Campo das Princesas atuou, discretamente, para fortalecer a candidatura de Jarbas Filho.
A disputa revelou o racha dentro da legenda e foi marcada por trocas de acusações, tanto durante a campanha como no próprio dia da votação. A temperatura alta do processo expôs uma luta não apenas pelo controle do MDB, mas também pela influência que o partido terá no tabuleiro político estadual nas eleições de 2026.
Com a vitória, Raul Henry mantém o controle do partido e pavimenta o caminho para que o MDB continue na base de apoio ao PSB, fortalecendo o projeto político de João Campos, que amplia sua força no estado e se credencia, cada vez mais, como um nome central no debate sobre a sucessão estadual.
O desfecho desta eleição interna deixa claro que, no jogo político pernambucano, os bastidores continuam tão decisivos quanto as urnas.
