Reportagem de Ricardo Perrier publicada no Jornal Extra
As recentes notícias veiculadas pela imprensa, de grande repercussão em todo o Estado, a respeito do relatório recentemente emitido pela Controladoria Geral da União (CGU), questionando a aplicação de recursos na ordem de R$17,5 milhões por parte da atual gestão, não foram suficientes para tirar a tranquilidade do prefeito José Queiroz (PDT).
Em seu gabinete, em entrevista concedida ao Jornal Extra, o pedetista repetiu a mesma serenidade demonstrada há pouco mais quatro anos, quando do início de sua terceira passagem pela prefeitura, com a missão de recuperar a auto-estima da população, numa gestão que tinha como principal desafio superar a chamada ‘herança maldita’, como à época costuma denominar a situação com que havia encontrado o município.
Por mais que os adversários, principalmente a bancada oposicionista na Câmara Municipal, questionem a sua administração e afirmem que “a cidade está um caos”, o pedetista parece seguir à risca a mensagem publicitária recentemente divulgada nas emissoras de rádio e televisão, de que Caruaru segue no caminho certo, rumo ao desenvolvimento.
Na conversa, o prefeito revelou que vêm mantendo praticamente o mesmo ritmo de trabalho que desenvolvia há quatro anos, quando retornou ao comando da prefeitura após uma ausência de doze anos. “A rotina é muito parecida, o que mudou foi apenas a diminuição nas andanças que eu fazia às 6h. Agora a freqüência nas visitas aos vários pontos da cidade, este hábito não mudou”, assegurou.
Nesse caso, Queiroz revelou que sua rotina passou a registrar o aumento nas andanças feitas durante o período noturno, além de visitas periódicas aos parques entregues ao longo do 3ª governo. “Em qualquer parte que eu vou, o clima é o mesmo: de abraços e de cobranças”, assegurou. Nesse caso, diz atender a todos da mesma maneira, dos eleitores ou não, com o mesmo apreço.
Questionado sobre qual seria o movimento mais desgastante para a imagem do seu governo, se o atual, em relação aos professores, por conta da aprovação do projeto de Lei de sua autoria que alterou as regras do Plano de Cargos e Carreira (PCC) ou o movimento paredista dos médicos, ocorrido ao longo do início de 2009, o pedetista apressou-se em fazer uma correção. “Agora não tem movimento desgastante”.
Perguntado se estaria arrependido pela apresentação do projeto ou mesmo da maneira como aconteceu, sendo encaminhado à última hora para a apreciação da câmara, Queiroz disse que mandaria o projeto de novo, da mesma maneira como fez no início do ano, apenas com as mudanças até agora certadas junto à categoria. “Tenho um desgaste natural do movimento crítico da oposição, além de eu estar fora da mídia”, explicou, lembrando que o mesmo teria ocorrido na gestão passada, quando muito imaginavam que o seu governo estava desgastado, mas a partir do início do guia eleitoral, quando pôde expor as ações do governo, o resultado acabou surgindo nas urnas.
“Levaram uma enfiada de 30 mil votos e vão levar uma enfiada ainda maior”, recordou. O prefeito fez questão de exaltar o andamento do Orçamento Participativo, cujas plenárias vêm acontecendo a cada semana, contemplando todos os bairros da cidade e também várias localidades na zona rural. Contudo, alertou que qualquer pedido que venha a ser feito pela população, mesmo que seja a principal reivindicação feita por uma determinada comunidade, só será atendido se estiver contemplado no plano de obras da prefeitura.
Queiroz aproveitou para dar uma rápida justificativa sobre algumas das ações prometidas ainda durante a campanha eleitoral de 2008, porém até agora não executadas. No caso do projeto ‘Revitalino’, que busca dar uma nova cara ao Alto do Moura, mostrou-se bastante otimista. “Eu desejo que a 1ª fase esteja concluída até o início da Copa”, afirmou numa referência à construção do pórtico, estacionamento para mil veículos, implantação do receptivo turístico e repaginação de todo o trecho onde se encontra o pólo gastronômico.
Queiroz lembrou ainda que até o próximo dia 04 de setembro apresentará um projeto sobre o novo conceito da Feira da Sulanca, porém voltou a assegurar que caberá apenas aos sulanqueiros de Caruaru a decisão sobre a sua transferência da atual área que ocupa. Durante toda a conversa, Queiroz só mostrou preocupação quanto ao fato da atual folha de pagamento do município estar extrapolando o teto de 50,3% estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
“Hoje estamos com 56,57% de nossa receita comprometida com o pagamento da folha, no chamado limite prudencial, porém estou na expectativa de que haja uma recuperação na receita”, afirmou de forma confiante. Por fim, evitou fazer qualquer comentário a respeito da próxima disputa eleitoral, seguindo a mesma cantiga há muito repetida pelo principal aliado, o governador Eduardo Campos (PSB), de que apenas a partir do próximo ano é que se posicionará em relação ao assunto.