PT pede a Lula rompimento de relações do Brasil com Israel

Mário Flávio - 02.08.2025 às 19:03h

Durante o 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), realizado nesta sexta-feira (1º), a legenda aprovou uma carta em que solicita formalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a suspensão das relações diplomáticas e comerciais do Brasil com o governo de Israel, liderado por Benjamin Netanyahu. O documento, intitulado “Em defesa do povo palestino”, expressa solidariedade ao povo da Palestina e condena a escalada de violência na Faixa de Gaza.

A carta afirma que o que ocorre atualmente no território palestino “não é uma guerra, mas um genocídio premeditado”, em referência direta a uma declaração feita por Lula em junho. O documento também cita o elevado número de vítimas civis, especialmente crianças, e critica a continuidade das relações econômicas entre os dois países.

“O governo de Benjamin Netanyahu é acusado de crimes de guerra até por ex-embaixadores e ex-primeiros-ministros israelenses. Os crimes agora incluem assassinar civis desarmados e famintos, que buscam auxílio humanitário e recebem balas e bombas”, afirma o texto aprovado pelo PT.

A carta também recorda posicionamentos de outras instituições brasileiras, como o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), que em junho defendeu a suspensão das relações diplomáticas do Brasil com Israel diante da crise humanitária em Gaza.

Declarações de Lula e posição do governo

O presidente Lula tem endurecido o tom em relação à ofensiva israelense nos últimos meses. Em julho, durante uma cerimônia no Palácio do Planalto, ele reforçou a defesa do reconhecimento do Estado da Palestina como membro pleno das Nações Unidas.

“Reconhecer o povo palestino e permitir seu ingresso na ONU é reconhecer a simetria necessária para a paz. Nunca tivemos medo de apontar a hipocrisia diante das mais flagrantes violações do nosso tempo”, disse o presidente.

Além disso, o governo brasileiro decidiu formalizar sua adesão à ação movida pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ), que acusa Israel de cometer genocídio contra a população palestina. O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em entrevista à emissora Al-Jazeera. “Os últimos desdobramentos da guerra nos levaram à decisão de nos juntarmos à África do Sul na Corte Internacional”, explicou o chanceler.

A posição adotada pelo PT pressiona o Planalto a adotar uma postura ainda mais contundente no plano diplomático, alinhando-se a um grupo crescente de países que questionam a legitimidade da ação militar israelense e exigem responsabilização internacional. Até o momento, no entanto, o governo Lula mantém relações diplomáticas com Tel Aviv.