PoderData: Governo Lula é desaprovado por 53% e aprovado por 42%

Mário Flávio - 30.07.2025 às 07:48h

Após meses de desgaste e altos índices de desaprovação, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) registrou uma leve melhora em sua popularidade, segundo pesquisa divulgada nesta semana pelo instituto PoderData. Realizado entre os dias 26 e 28 de julho, o levantamento mostra que a desaprovação ao governo caiu de 56% para 53% nos últimos dois meses, enquanto a aprovação subiu de 39% para 42%.

Essa é a primeira vez em cerca de um ano que os índices oscilam de forma favorável ao presidente petista, num cenário marcado por dificuldades econômicas, tensões políticas e críticas à condução fiscal do governo. Segundo analistas, a recente reação positiva pode estar ligada à repercussão do chamado “tarifaço” anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump, que impôs taxas sobre produtos brasileiros.

As tarifas foram justificadas por Trump como resposta ao tratamento dado pela Justiça brasileira ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que responde a processo por tentativa de golpe de Estado. A retaliação comercial, no entanto, tem sido utilizada pelo governo Lula como argumento para fortalecer o discurso de soberania nacional — o que, segundo especialistas, tem sido bem assimilado por parte do eleitorado.

A estratégia comunicacional do Palácio do Planalto tem explorado o sentimento patriótico em meio ao embate com os Estados Unidos, evocando uma espécie de “orgulho nacional” em defesa do Brasil diante de um agente estrangeiro. Esse tipo de reação, apontam analistas, é semelhante ao sentimento despertado em eventos esportivos, como Copas do Mundo, ou manifestações culturais — como o recente apoio maciço à atriz Fernanda Torres na disputa do Oscar, quando o filme Ainda Estou Aqui mobilizou o país durante o Carnaval.

Mesmo com a leve recuperação, o cenário ainda é desafiador para o governo. A diferença entre aprovação e desaprovação permanece negativa, com 11 pontos percentuais de desvantagem. Além disso, os problemas fiscais seguem sem solução clara. O governo federal enfrenta críticas pelo aumento constante de despesas e pela falta de cortes significativos nos gastos públicos. A expectativa é de que o presidente Lula anuncie até seis novos programas sociais até as eleições de 2026, o que pode pressionar ainda mais o equilíbrio das contas públicas.

O movimento positivo nos índices de aprovação reabre o debate sobre uma possível candidatura à reeleição de Lula em 2026. Aliados do governo avaliam que o Brasil pode viver um “efeito anti-Trump”, como o registrado no Canadá e na Austrália, onde manifestações de Trump acabaram impulsionando a vitória de opositores políticos seus. No entanto, nesses países, as declarações do ex-presidente americano ocorreram em meio à campanha eleitoral — o que ainda não é o caso no Brasil, onde o primeiro turno está marcado para 4 de outubro de 2026.

A pesquisa PoderData ouviu 2.500 pessoas em 182 municípios das 27 unidades da Federação, com margem de erro de 2 pontos percentuais e intervalo de confiança de 95%. O instituto realizou dezenas de milhares de ligações para chegar a uma amostra representativa por sexo, idade, renda, escolaridade e localização geográfica.

Apesar da melhora momentânea, o cenário permanece volátil, e o impacto do “tarifaço” no médio e longo prazo ainda é incerto — tanto para Lula quanto para a oposição bolsonarista.