A mobilização em torno da reativação do transporte ferroviário em Pernambuco ganhou um novo impulso nesta quinta-feira (23), com a formalização de uma parceria estratégica entre a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O acordo prevê a elaboração de dois estudos fundamentais para o futuro da malha ferroviária no estado, posicionando Pernambuco como protagonista no esforço nacional de modernização da infraestrutura logística.
O anúncio foi feito durante o seminário “Conexões Transnordestina – A ferrovia que mudará Pernambuco”, realizado em Salgueiro, no Sertão pernambucano. O evento, promovido pela Sudene em parceria com o Movimento Econômico, reuniu autoridades, especialistas e lideranças políticas e do setor produtivo para discutir o papel estratégico das ferrovias no desenvolvimento regional.
Dois estudos prioritários
A iniciativa contempla dois estudos técnicos. O primeiro tem foco no transporte de cargas entre Petrolina e Salgueiro, com o objetivo de conectar a produção agrícola do Vale do São Francisco à ferrovia Transnordestina e, a partir dela, aos portos de Suape (PE) e Pecém (CE). Já o segundo visa avaliar a reativação do transporte de passageiros entre Caruaru e Recife, recuperando uma conexão histórica com potencial de fortalecer a mobilidade no Agreste e na Região Metropolitana.
“O transporte ferroviário não é apenas uma alternativa logística. Ele é essencial para a integração regional e para o fortalecimento de cadeias produtivas locais”, afirmou Danilo Cabral, superintendente da Sudene. Os estudos devem ser concluídos até o primeiro semestre de 2026 e estão alinhados com a política federal de revitalização ferroviária.
No caso do transporte de cargas, o estudo avaliará traçados e custos para um novo ramal ligando Petrolina à Transnordestina, com possibilidade de integração também à hidrovia do São Francisco. Já para o transporte de passageiros, a análise considerará tecnologias modernas e até um traçado alternativo paralelo à BR-232.
Transnordestina: investimento e cronograma
Além dos novos estudos, a mobilização pela ferrovia passa também pela conclusão da Transnordestina. A Sudene já destinou R$ 5,6 bilhões do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) para a obra, com mais R$ 2,6 bilhões já assegurados. O trecho entre Eliseu Martins (PI) e o Porto de Pecém (CE) segue em andamento, mas o foco agora se volta ao ramal pernambucano entre Salgueiro e Suape.
A estatal Infra S.A., ligada ao Ministério dos Transportes, confirmou que os projetos técnicos para o trecho em Pernambuco estão em fase avançada. A primeira licitação, referente ao trecho Custódia-Arcoverde, está prevista para ocorrer ainda em 2025, com contrato a ser assinado no início de 2026. O investimento inicial será de R$ 600 milhões com recursos do Orçamento Geral da União.
O plano completo prevê R$ 3,5 bilhões em investimentos até 2029, sendo que 179 quilômetros já estão concluídos. A construção de terminais logísticos ficará a cargo da iniciativa privada ou da futura concessionária da ferrovia.
Um novo futuro para o Nordeste
Durante o seminário, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Cavalcanti, destacou a importância estratégica da ferrovia. “Estamos projetando um futuro de transformação econômica. A ferrovia não pode responder apenas à demanda de hoje, mas à que vamos criar nos próximos anos”, afirmou.
A mobilização conta ainda com o apoio de lideranças locais e da sociedade civil. A presidente da CDL de Salgueiro, Regilane Barros, e o consultor logístico Guilherme Magalhães reforçaram a relevância da integração regional. Já o prefeito Fábio Lisandro e o deputado estadual João Tenório defenderam celeridade na conclusão das obras.
“Estamos diante de uma tempestade perfeita: vontade política, financiamento assegurado e demanda crescente. O momento de concluir a ferrovia é agora”, declarou o prefeito Lisandro.
Com o esforço conjunto de Sudene, UFPE, Governo Federal e setor produtivo, Pernambuco retoma o protagonismo no debate ferroviário nacional, reacendendo a perspectiva de um desenvolvimento mais sustentável, integrado e eficiente para todo o Nordeste.
