Papa emérito Bento XVI encobriu casos de pedofilia quando era arcebispo na Alemanha, diz relatório encomendado pela Igreja

Jorge Brandão - 20.01.2022 às 12:25h

Um relatório independente na Alemanha publicado nesta quinta-feira afirmou que o hoje Papa emérito Bento XVI encobriu casos de abusos sexuais contra crianças quando ele era arcebispo de Munique, função que ocupou entre 1977 e 1982. Bento XVI nega as acusações.

A investigação, encomendada pela Igreja Católica e feita pelo escritório de advocacia alemão Westpfahl Spilker Wastl (WSW), afirmou que Bento XVI, agora com 94 anos, fora avisado de que crianças estavam sendo abusadas quando era arcebispo, mas não tomou nenhuma medida. Segundo os responsáveis pela investigação, os casos que dizem respeito ao então arcebispo envolviam quatro meninos.

“Em um total de quatro casos, chegamos a um consenso de que houve omissão”, disse o advogado Martin Pusch em entrevista. Segundo a emissora BBC, os acusados de abusarem das crianças permaneceram ativos na igreja.

Em um dos casos investigados pelo relatório, então o arcebispo aceitou um padre em sua arquidiocese, mesmo após o clérigo ter sido condenado por abuso sexual. O advogado Pusch afirmou que Bento XVI alegou não ter conhecimento direto dos casos, mas suas negativas “não eram conciliáveis com os arquivos em evidência”, segundo o advogado. O Papa enviou um documento de 82 páginas com informações e respostas sobre a investigação, de acordo com o escritório de advocacia.

Em 2013, Bento XVI tornou-se o primeiro Papa a renunciar em quase 600 anos. Desde então, ele vem mantendo uma vida privada e quieta na Cidade do Vaticano. O escritório de advocacia foi solicitado a investigar alegações de abuso sexual na Arquidiocese de Munique e Freising entre 1945 e 2019. No total, o relatório afirmou que houve pelo menos 497 vítimas de abuso, principalmente meninos jovens. No entanto, muitos outros casos provavelmente não foram relatados, segundo os advogados.