Opinião – Vamos sustentar o maior marajá do Agreste – por Severino Melo*

Mário Flávio - 29.12.2012 às 12:40h

Trabalhador brasileiro, o que você faria com um salário de R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais) por mês? Para quem vai ter seu salário majorado para R$ 678,00 (seiscentos e setenta e oito reais), uma parcela de R$ 24 mil, já seria um bom prêmio de loteria. Pois bem, muito antes de querer ser o presidente da Câmara Municipal de Caruaru, pela nobilitância do cargo, os candidatos agora se engalfiam, certamente, por razões mercenárias, na luta pelo maior salário público do município.

De janeiro de 2013 a dezembro de 2016 serão R$ 1.152.000,00 (hum milhão, cento e cinquenta e dois mil reais) de subsídios normais, mais R$ 96.000,00 (noventa e seis mil reais) de décimo terceiro, num total de, R$ 1.248.000,00 (hum milhão, duzentos e quarenta e oito mil reais), como prêmio pela conquista do mandato e da eleição entre seus pares. Os demais vereadores farão “jus” à metade do valor dessa fortuna. Pois o presidente tem duas barrigas e por isto tem que ganhar em dobro. É possível que haja um acordo. Afinal de contas, é sabido que, o mandato da presidência da câmara é bienal, sem prejuízo do casuísmo da reeleição. Mas, da forma como foi votado o aumento dos próprios vereadores, tudo é possível, no âmbito interno da Casa de José Carlos Florêncio, que, certamente, se vivo fosse, não concordaria com as bravatas dos últimos dias, cometidas pelos ávidos vereadores que votam leis desobedecendo aos próprios princípios legais.

O percentual da verba de representação do presidente da câmara, em 100%, é coisa que só consegue sobrevivência na nossa cultura tupiniquim. Se os subsídios normais em R$ 12.000,00 (doze mil reais) já é um absurdo para a realidade local, mas que foi aprovado goela abaixo e quiçá em lei que não mereça prosperar, o que dizer da aprovação do décimo terceiro mês e do dobro da remuneração para o chefe do Poder Legislativo Municipal.

Bem que a mesa diretora da câmara tentou fazer dois marajás em Caruaru, em pé de igualdade. Seriam o prefeito da cidade e o presidente da câmara. Mas, o prefeito teve, em tempo, o bom senso de vetar o absurdo aumento que lhe seria concedido e, também, de seus secretários e de seu vice-prefeito. Neste aspecto, o Poder Executivo está de parabéns! Congelar os salários seria o mínimo que os edis de Caruaru deveriam ter feito. Baixar o percentual de 100% da representação do presidente da câmara, seria outra medida lídima e salutar. E para quem trabalha menos de dez meses por ano, criar décimo terceiro salário, foi uma piada que nem todo humorista estaria disposto a inventar.

E quando penso que fui candidato a esta câmara que ora se despede e lá no ano de 2008, logo no início da campanha, fiz registrar em cartório que era: candidato a vereador voluntário, mandato sem salário, porque mandato não é emprego e política não é profissão. Obtive tão somente 108 honrados votos da população caruaruense. Talvez, aceitar um voluntário na política fosse muito para o eleitor comum, mas ter que sustentar mercenários no dia a dia é a tua triste sina, povo de Caruaru!

*Severino Melo – Escritor / Advogado – para quem mandato não é emprego e política não é profissão. Artesão deste texto. Cidadão Honorário de Caruaru – [email protected] – fone 99727818