É mito ou verdade? Tal qual ocorre em determinado quadro de um conhecido programa televisivo dominical de audiência nacional, onde o repórter procura investigar se determinado fenômeno é real ou se não se trata de mera ilusão, as últimas eleições em Caruaru, além de confirmarem o que já sinalizavam as pesquisas de opinião, também serviram para esclarecer se o tão decantado poder de decisão dos votos da zona rural se tratava e um mito ou se era verdade.
É fato, as urnas mostraram de forma cristalina que os votos dos 29.806 eleitores da zonal rural, frente aos mais de 156.000 da área urbana, não tiveram influência alguma na definição do vencedor do último pleito majoritário.
Aliás, é importante destacar o fato de José Queiroz ter vencido na cidade(entenda-se, votos da área urbana) com exatos 32.989 de diferença em relação à democrata Miriam Lacerda.
Ora, considerando que o eleitorado da zona rural não chega sequer aos 30.000, é de se concluir que, mesmo que a Democrata tivesse obtido os 100% dos votos rurais, ainda assim, a eleição teria sido decidida em favor de José Queiroz por uma diferença superior a 3.000 votos.
Por outro lado, a idéia que se passou de que Miriam Lacerda sairia com diferença esmagadora da zona rural, leia-se, diferença na ordem de 10.000 votos e até mesmo 20.0000(acreditem),como apregoavam alguns, contraria toda a série histórica de votações de seu grupo na zona rural, cujo maior índice até hoje alcançado por Tony Gel ficou em torno de 62%. Importante frisar que média histórica de votação de Tony Gel, na zona rural, nos quatro pleitos municipais em que ele disputou na condição de candidato a prefeito, foi inferior a 60%, ficando em torno de 58% na média.
Nesse contesto, discordo da opinião daqueles que dizem que a votação da Democrata na zona rural ficou abaixo do esperado, pois os 57,10% de votos por ela obtidos, repetiram justamente a média histórica obtida por seu grupo na zona rural de Caruaru. Vale ressalvar que essa média desconsidera os pleitos onde Tony Gel não figurou como candidato a prefeito(1992 e 2008).
Portanto, se a zona rural continua dando a mesma média de votos ao grupo de Tony Gel, resta evidente que o poder decisório das eleições em Caruaru está com os votos da cidade, como sempre esteve. A zona rural somente terá influência decisiva quando a disputa pelos votos da cidade for extremamente equilibrada, tal como foi na eleição de 2004, pois, do contrário, a sorte eleitoral de qualquer candidato restará selada com os votos urbanos.
Em síntese, a tese propagada por alguns de que a eleição de Caruaru é decidida pelos votos da zona rural nunca passou de um mito.
*Evandro Franca é advogado
