Opinião – Lembrar para não esquecer – por Paulo Nailson

Mário Flávio - 14.12.2012 às 08:55h

Celebramos ontem, com muita festa e comoção, o centenário de Luis Gonzaga. Foi também o dia do Marinheiro, do Cego (sei que já não cabe mais este termo), de Santa Luzia, e, dia que eu recebi muita manifestação de carinho por mais um ano de vida e percebi que preciso ser muito grato a Deus por cada amizade descoberta e construída em todos estes anos.

Mas 13 de dezembro não só traz à minha memória coisas boas. Foi em 1968, quando eu completei um ano de vida, a ditadura militar adotou o AI-5, que dava poderes absolutos ao governo, aprofundou a ditadura no país e fortaleceu a repressão contra a oposição democrática. Na “defesa dos interesses superiores da Nação e do povo brasileiro”, assim que é que eles justificaram.

No início de 1969, um balanço atestava o alcance do processo de retaliações: cassação dos mandatos de 35 deputados federais e dois senadores, aposentadoria de três ministros do Supremo Tribunal Federal e de um ministro do Superior Tribunal Militar.

A devastação mais truculenta atingiu jovens estudantes, operários, intelectuais, lideranças camponesas, religiosos, gente que se havia insurgido pela liberdade e transformado praticamente todo o ano de 1968 em resistência à ditadura.

Os estudantes reforçavam a onda de protestos e no fim de março, o assassinato do secundarista Edson Luiz de Lima Souto pela polícia do Rio fez o movimento estudantil explodir em manifestações que rapidamente se espalharam por quase todos os estados e iriamo cupar praticamente o ano inteiro. Uma delas, em junho, levou 100 mil pessoas para o centro do Rio. Censurada pelo governo, a música Pra não dizer que não falei das flores, de Geraldo Vandré, ganhava as ruas como hino da rebelião.

“Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção

Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão

Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão

Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não

Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer”

“A POLÍCIA APRESENTA AS SUAS ARMAS” – Um relatório sobre a confiança da população na Justiça, elaborado pela Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV), mostrou que 63% dos brasileiros estão pouco ou muito insatisfeitos com a atuação da polícia. O percentual de insatisfação foi maior entre os mais pobres, 65%, e ficou em 62% entre os mais ricos.

Segundo a pesquisa, o Judiciário é considerado moroso para 90% dos entrevistados, por solucionar os processos de forma lenta ou muito lenta. Além disso, 82% das pessoas consideram alto ou muito alto os custos de acesso ao Judiciário e 68% acreditam ser difícil ou muito difícil usar o sistema. Outro dado revela que 64% dos pesquisados avaliam o Judiciário como nada ou pouco honesto, e 61% nada ou pouco independente.

No ranking das instituições mais confiáveis, as Forças Armadas lideram com 75% das opiniões, seguida pela Igreja Católica (56%), Ministério Público (53%), grandes empresas (46%), imprensa escrita (46%), governo federal (41%), polícia (39%), Poder Judiciário (39%), emissoras de TV (35%), vizinhos (30%), Congresso Nacional (19%) e partidos políticos (7%).

FOI NUM DIA COMO HOJE – Em 14 de dezembro de 1912, há cem anos, que Álvaro de Barros Lins, um intelectual exemplar, pelo valor literário e pela dignidade do comportamento político. Filho de Pedro Alexandrino Lins e de Francisca de Barros Lins, caruaruense ilustre.

*Paulo Nailson é dirigente político com atuação em movimentos sociais, Membro da Articulação Agreste do Fórum de Reforma Urbana (FERU-PE) e Articulador Social do MTST. Edita a publicação cristã Presentia. Foi dirigente no PT municipal por mais de 10 anos. Cursa Serviço Social.