Lá do “Ribeira dos Campos”, em 10 de Julho de 1909, nascia ele, franzino, esperto, didático. Vitalino Pereira dos Santos. Sem dúvida o Maior Caruaruense de todos os tempos. Nossa Cidade se divide em dois momentos, um antes do Mestre e outro depois. De origem muito humilde conseguiu transcrever no barro o cotidiano do homem e da mulher do campo, traduzindo também a peleja dos cangaceiros, o trabalho do médico, do professor, do estudante, do jogador de futebol, da polícia, dos animais, do padre, do pastor, do bispo, do eletricista, bom, para ele não existia limitação, exclusão ou má vontade. Pelo contrário, uma legião de seguidores que cultuavam seu trabalho se tornaram verdadeiros discípulos deste imortal que posso fazer, sem medo de errar, foi e é o “maior marqueteiro” da história de Caruaru.
Ninguém levou tanto o nome da Terra dos Condés a tantos e tantos lugares longínquos, seja no Brasil, ou em qualquer outro lugar do Planeta. Todo boneco de barro traz com ele Vitalino em sua essencia. Talvez o próprio Mestre não soubesse o quanto ele iria colaborar em vida e pós-vida para a pujança da economia da principal cidade do interior do nordeste brasileiro. Vitalino representa a luta do caruaruense de todos os dias, da garra, da perseverança, de chegar lá no impossível e dizer o seguinte: “Oh, eu estou aqui, e contra a arte, a cultura, e a nossa terra não existe a palavra nunca e muito menos jamais”. Bendito seja o Artista Plástico Augusto Rodrigues por ter sido esse “olheiro” de um talento inigualável que foi o nosso Pereira dos Santos.
Lá no Rio de Janeiro o mundo era dele, Vitalino, na Exposição de Cerâmica Popular Pernambucana, pôde ter uma das várias oportunidades que iriam surgir para ele mostrar e comprovar o seu talento, a sua vocação para o diferente, sempre de modo muito humilde, na dele, mas Mestre que é Mestre brilha por si só, e era esse o brilho do Rei do Barro. Quanta capacidade, quanta inteligência, quanta humildade, esse foi Vitalino. Sempre tão esquecido, pouco lembrado, mas que merece todas as honrarias e lembranças que existam em referência a um Patrimônio que jamais pode se perder ou esquecer. Hoje, 57 anos depois da sua morte, o Poder Público Municipal patina, despreza, ignora a grandiosidade desse homem. A Casa do Mestre no Alto do Moura? É lastimável o abandono, a pouca importância da Fundação de Cultura, da Prefeitura.
Vitalino Vive! E vive no íntimo não só do povo guerreiro do Alto do Moura, das Taquaras, do Bairro Nossa Senhora das Graças, mas além, Vitalino vive na essência de cada caruaruense, que consegue enxergar em cada pedacinho de barro uma vida, uma história, um causo, um caso, um retirante, uma crença popular, um cenário sertanejo, o batizado, o casamento, tudo aquilo que Vitalino traduzia tão bem com as mãos, e que mãos! E que legado! Parabéns, Mestre! Imortal do País de Caruaru! #VitalinoVive #111Anos
*Raffiê Dellon é Administrador *