Opinião – Educação: Patrimônio que não se perde – por Max Ramon*

Mário Flávio - 02.03.2013 às 11:55h

Esta semana, a cidade de Caruaru acompanhou mais uma vez, e vem acompanhando, um movimento que se tornou comum em nível nacional. A paralisação dos professores, escolas fechadas e, com isso, alunos fora da sala de aula. Volta à tona a discussão de quando é que o poder público vai valorizar seu profissional de educação. Quando é que nossos políticos irão colocar a educação acima de seus interesses políticos e pessoais. Ao que se percebe, de uma forma entristecedora, é que esta realidade nunca irá mudar.

Nos últimos dias, manchetes como: “Protesto: Professores do município fecham Av. Rio Branco” ou “Professores na rua alunos sem aulas”, circularam nos meios de comunicação relatando fatos que estava acontecendo em nosso município. É triste que, ainda em pleno século XXI temos que relatar fatos como este, de descaso do poder publico municipal na pessoa do Sr. Jose Queiroz, com a educação, especificamente com profissional da educação, no caso os professores. Digo isto porque em países como o Japão, os professores recebem os melhores salários. Os japoneses acreditam que sem um professor, não existiriam médicos, advogados, engenheiros ou qualquer outro tipo de profissão.

O que acontece na nossa cidade é inverso ao da realidade de um país que tem uma sociedade altamente desenvolvida através da educação. Em entrevista a uma radio o atual senador e ex-ministro da educação, Cristovam Buarque, falou um pouco sobre a atual situação da educação brasileira e quando questionado como estimular uma pessoa a fazer faculdade e a ingressar numa carreira de educador, quando existem outras oportunidades de estudar menos e ganhar mais, ele respondeu:

Cristovam Buarque – Não existe como estimular. Os pais hoje não querem que os filhos sejam professores. Então como é que a gente resolve isso? A proposta que eu tenho é a gente criar uma carreira federal do magistério. Pagando R$ 9 mil por mês. Fazendo concursos federais para escolher de fato os bons. Pegar esses professores novos desta nova carreira e colocar nas mesmas cidades em escolas federais em prédios bonitos com novos equipamentos, que criança gosta de equipamento; e horário integral. Já tem as escolas técnicas, é fazer isso em escala nacional.

Não se pode esmorecer com o sistema educacional, deve ser com ele, pragmático. Observamos que a educação foi capa de pauta de campanha política, promessa de educação inclusiva, de período integral, de valorização do profissional, subsídios à universitários, cursos profissionalizantes etc. Propostas salutares e vitais, que devem ser cumpridas sob risco de morte do sistema educacional. Entendo que este é o caminho mais curto a um futuro mais promissor, principalmente no combate as desigualdades sociais, gerando oportunidades iguais aos pares de uma nação.

Mas o que se viu nesses últimos manifestos foram os vereadores serem tachados como inimigos da educação, devido à posição tomada por eles sobre o PCC. Mas diante de tal assertiva, questiona-se: o papel de um vereador é atender pedidos de um líder de governo ou zelar pelos interesses do povo? Respondo: o papel de um vereador é, sobretudo legislar, no caso do representante do povo junto a câmara, fiscalizar, requerendo do executivo municipal, providências condizentes com as necessidades da coletividade e, principalmente, ter conhecimento e consciência do que esta sendo feito, e quando de projetos do executivo, estudar o que se propõe, observando maiormente, o impacto com a aprovação de tal emenda na coletividade, principalmente nos mais necessitados. Infelizmente os que deveriam ser nossos representantes se valeram pelos seus interesses políticos e pessoais.

Na educação todo investimento é pouco, porque é o setor de onde o cidadão tira mais proveito, aliás, a educação é o que não se tira de um cidadão. Por isso a educação e seus profissionais devem ser valorizados, não só com salários melhores, mas com condições melhores.

*Max Ramon é secretário-geral do DCE/FAFICA.