Opinião – Chegou a hora de debater a eleição municipal – por João Américo*

Mário Flávio - 02.03.2020 às 13:17h

Superados os festejos de momo, chegou a hora de iniciar as conversações sobre eleições municipais, tema que, invariavelmente, tocará nosso cotidiano. Diante do quadro eleitoral que se avizinha, algumas perguntas nascem: Quais serão os grandes temas? A lógica das eleições de 2018 para presidente será repetida? O impacto do fundo eleitoral e o fim das coligações para vereadores mudarão o quadro político eleitoral partidário? Haverá uma quantidade maior de candidatos? Qual o papel da internet e da Fake News?

Nesse mar de incertezas, podemos afirmar, com alguma tranquilidade, algumas previsões que, certamente, concretizar-se-ão nas próximas eleições. A primeira é que a internet veio para ficar. Cerca de 70% da população brasileira usa regularmente a rede, havendo crescimento na Zona Rural de 49%. Nas regiões urbanas esse número vai para 74%. Em redes sociais, a população brasileira, em números globais, está ativa com 62%. Diante desses números, torna-se inevitável o uso da internet e das mídias sociais como meios de comunicação dos candidatos a prefeito e vereadores com o seu eleitorado, ou seja, a internet veio para ficar.

Nessa esteira de pensamento, podemos concluir, ainda, que o fenômeno da Fake News deve também inundar as timelines e os smartphones, pontuamos que haverá um fluxo de informações falsas, o que levará, inevitavelmente, a uma judicialização do processo político, o que não quer dizer que a Fake News será inibida ou paralisada.

O futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral – TSE, Ministro Luiz Roberto Barroso, que assume a presidência da corte e estará no comando das eleições marcadas para outubro, afirmou que decisões judiciais não serão suficientes para combater as Fake News nas eleições municipais de 2020.

Outro elemento que certamente permeará o pleito municipal será um distanciamento das questões nacionais, historicamente as eleições municipais possuem como pauta central as questões locais, os interesses mais básicos da população, tais como saúde e mobilidade urbana, desse modo, os candidatos que mostrarem maior conhecimento dos problemas da cidade e capacidade de resolvê-los serão melhor avaliados.

Podemos concluir que os temas, pautas, debates e resultados das eleições municipais não serão um reflexo direto do que ocorreu ou ocorrerá nas questões nacionais (eleições gerais). Com relação à influência do Presidente e Governador nas eleições, podemos deduzir que a atuação “externa” dependerá muito dos índices de aprovação dos seus governos, muito mais do que uma avaliação pessoal.

Em Caruaru, os institutos de pesquisa apontam como negativa a avaliação tanto do Presidente Jair Bolsonaro, como do Governador Paulo Câmara, sendo assim, avaliamos que a partipação desses dois atores políticos importantes será de menor importância, lógico, sem subestimar uma reviravolta nos fatos da política, sempre em constante transformação.

Outro dado importante acerca das eleições municipais são o aumento vertiginoso dos números de votos brancos, nulos e abstenções. Nas eleições de 2016 o número foi de 32,5% do eleitorado do país. Existe um ambiente de desconfiança e estranhamento entre eleitores e políticos que os representam. Para se ter uma ideia de como esse ambiente de desconfiança cresceu, basta ver os índices de votos brancos e nulos em 2012 foram de 9,1% passando para 14,3% em 2016, sendo assim, prevemos que o número de votos brancos, nulos e abstenções permanecerá no patamar dos 30%, podendo haver um aumento desse número.
Por fim, esperamos que as eleições municipais sejam mais uma vez no altar das liberdades, um momento de consagração de nossa democracia, que ressurgiu, se reinventou, se modernizou e precisa mais uma vez ser consolidada.

O Brasil possui maturidade política, institucional para conduzir eleições que represente efetivamente a vontade soberana do povo. Esperamos que o povo eleja os melhores.

*João Américo é advogado