Recebi de Vossa Senhoria o tal chamado convite à ousadia, e em nome desta mesma ousadia me permita mudar o tratamento convencional por outro que penso mais se adequar a sua personalidade, permita-me lhe chamar de companheira. Até porque o cargo que você ocupa é público, repassado por uma pessoa que confiou a você a continuidade de sua missão e ser secretária municipal não te deixa superior às pessoas, embora muitos se sintam assim; cargo público não pode dar mais poder a ninguém pois são espaços para servir as pessoas, representa apenas responsabilidade pelo cumprimento da Lei no setor específico da autoridade respectiva.
E que missão, companheira!
Missão que indo além chega agora a tarefa de implementar o Plano de Políticas para as Mulheres. Seja no mundo do trabalho, da autonomia pessoal, da autonomia cultural e autonomia política. Parece muito quando se dar conta da amplitude que cada um desses itens representa e dos obstáculos e limitações surgidos ou impostos durante a caminhada.
Mas todas as vezes que as dificuldades e contrariedades naturais aparecerem lembre-se de suas origens; daquele pequeno sítio em Sertânia, da labuta de seus pais agricultores. Lembro quando Louise me falava sobre você, discorrendo sua trajetória, seu pioneirismo na família ingressando na política e na universidade, encarando a faculdade com recursos do Programa Universidade para Todos (PROUNE). Onde faltou grana sobrou determinação.
Ontem sentei ao lado de seu professor, lembra? Na ACSES, você foi bolsista, ele me confidenciava entusiasmado enquanto você discursava o quanto ele sabia que você seria capaz de estar onde está. E eu lembrava a ele que quem a colocou lá contribuiu na sua formação desde a militância estudantil e que demostrava ser uma líder que cresce junto com sua equipe em vez de sufocá-los.
Lembre-se de não esquecer os conselhos dos pais, na humildade e simplicidade deles te passaram princípios e valores que te norteiam e ajudam a permanecer firme. Lembre-se das milhares companheiras que foram à rua ontem em muitas cidades pelo mundo e no Brasil para gritar que “Não basta ser mulher, tem que ser de luta!”
Mantenha as bandeiras de mais participação nos espaços de poder, com maior representatividade nas casas legislativa, executivas e do judiciário. Lembra que temos uma mulher comandando o país que superou dois anos de prisão durante sua juventude e de toda luta que ela travou correndo o risco inclusive de morte lutando contra a ditadura militar.
Não deixe que os estudos e a formalidade do cargo a afastem de atividades como sorrir, cantar, dançar e vivenciar todas as dimensões saudáveis de sua humanidade entre aqueles que são próximos e que a amam.
Ensino desde cedo ao meu filho a necessidade da partilha e mútua cooperação e divisão de tarefas com suas irmãs. Faço junto tudo com ele e com elas. E tento mostrar que manter a casa limpa e em ordem é tarefa comum a todos e lá fora não é diferente. Quando penso nele, nelas e nas futuras gerações vejo que ao menos em minha cidade outro(a)s nascerão e herdarão da gente o prazer de fazer história com alegria, e que aproveitarão muito dessas conquistas hoje plantadas.
Por fim, olhe atenta ao redor. Veja que há muitos e muitas que têm o mesmo sonho de uma sociedade melhor. Que Deus dê força e sabedoria para juntos construi-la.
DAQUI A 20 ANOS…
Laura Gomes, Antônio Figueira e Martha Melo comandam a mesa de debates no 2º encontro do CARUARU 2030. O tema principal será DESENVOLVIMENTO SOCIAL, e acontecerá na terça 13/03 às 8h e 30min. No mesmo dia, já no turno da tarde é a vez de Raquel Lyra, Josias de Albuquerque e Tony Galvão tratarem de INTEGRAÇÃO DA JUVENTUDE COM QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL AO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Espero uma maior participação do público afim.
SEM TETOS CELEBRAM DATA
Aproveitando o aniversário de uma companheira integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) no próximo domingo, na ocupação do Alto do Moura, acontece um encontro festivo que lembrará também a passagem do Dia Internacional da Mulher. No comando do evento a dirigente petista Beatriz Dias Alves.
PARA REFLETIRMOS:
“Antes de temer o Maxismo, porque ele se declara ateu, devíamos nos perguntar sempre que tipo de sociedade justa temos construído no mundo que se confessa cristão”. Frei Betto.
Paulo Nailson é militante político com atuação em movimentos sociais, Membro da Articulação Agreste do Fórum de Reforma Urbana (FERU-PE) e Articulador Social do MTST. Edita a publicação cristã Presentia. Foi filiado ao PT por mais de 10 anos. Cursa Serviço Social