Opinião – A questão da mobilidade – por Mário Benning*

Mário Flávio - 16.07.2012 às 08:00h

Nas campanhas atuais, em todas as principais cidades do Brasil, o tema mobilidade urbana virou o hit destas eleições, e aqui em Caruaru também. Mas a questão do trânsito, não envolve apenas o estresse de ficar engarrafado, preso, por longo tempo para fazer um trajeto às vezes curto, envolve também à viabilidade econômica da cidade e principalmente qualidade de vida.

Embora estejamos longe, ainda, da situação de cidades como Recife e São Paulo, com quilômetros de trafego retido, não podemos incorrer nos erros cometidos por essas cidades, que não planejaram seu trânsito quando era possível e que agora tem que realizar grandes intervenções, a um custo elevado, para tentar solucionar problemas que foram gerados pela ausência de planejamento.

Um dos erros mais freqüentes foi a opção pelo transporte individual em detrimento do coletivo, naquele momento o alvo era aumentar a demanda por carros, para estimular a expansão da indústria automotiva. Porém isso gerou a atual saturação das vias de transportes das grandes cidades.

Caruaru está, nesse momento, com a oportunidade de elaborar um plano municipal de mobilidade que lide com os atuais problemas e prepare a cidade para o futuro, ou pode implementar ações paliativas que mascararão os problemas e que cobrarão seu preço no futuro.
Nesse plano será necessário contemplar vários aspectos particulares da nossa cidade entre os quais destacamos:

As ruas estreitas do centro da cidade, fator que pode levar a inviabilização econômica da área, já que a dificuldades de estacionamento e circulação levariam a migração dos investimentos para outras áreas, nesse caso a solução passa pela restrição da circulação por várias áreas.

A reestruturação do transporte coletivo intermunicipal, destruída pelas lotações. Para isso será indispensável à coordenação do Governo Estadual, temos um fluxo enorme de veículos das cidades circunvizinhas que se dirigem diariamente para cá e sobrecarregam as vias de trafego.

E que aumentaram ainda mais com o crescimento das opções de serviços e empregos oferecidos por Caruaru. A instalação das novas indústrias, que provocará tanto o aumento do fluxo de veículos pesados, quanto da população, o que significa também mais veículos nas ruas.

A expansão da classe média, que provoca o aumento do consumo e dos veículos, que vão desde ciclomotores, motos e carros.
Para todos esses problemas temos apenas uma única solução, o transporte coletivo.  Todavia para que o transporte coletivo seduza o cidadão, o mesmo deverá ser: pontual, barato, rápido, confortável e seguro.

E para isso será necessário a renovação total do nosso sistema, passando pelas revisões das concessões de ônibus, exigindo um padrão de qualidade, bem como a implementação dos sistemas integrados de passageiros, para baratear o custo das tarifas e assim atrair o usuário.

Se conseguirmos contemplar esses aspectos no plano, e que ele seja uma política de estado e não de governo, teremos dado um grande passo para garantir a melhoria da cidade nos aspectos econômicos, sociais e ambientais, pois assim teremos evitado que Caruaru seja asfixiada pelo seu próprio crescimento.

*Mário Benning é professor do IFPE