Coluna Publicada no Jornal Vanguarda
Senhores e senhoras da sociedade desta cidade, já se deram ao trabalho de verificar nas últimas semanas os índices sobre roubos e furtos de veículos nesta cidade?
Sei que muitos estão preocupados com as campanhas eleitorais, em conseguir um ticket de combustível para a próxima carreata ou em remover a pedra que ninguém conseguiu remover; sei que muitos estão cheios dessa campanha e sonham com o dia em que voto será facultativo e que a participação do eleitorado será mais cidadã, mais consciente; contudo, é preciso pensar nos problemas do hoje.
Com as facilidades de crédito fornecidas pelo Governo Federal, através de políticas de diminuição das taxas de juros e de maior estabilidade econômica, comprar um veículo ficou mais fácil nos últimos anos.
Note-se que as ruas das nossas cidades estão cheias de veículos. O paradoxal é que se há mais facilidade, silogisticamente, deveria haver uma diminuição nos crimes contra o patrimônio relativos a estes veículos que são abundantes, mas o que estamos assistindo é um crescimento desses crimes (pelo menos em nossa região).
Para onde vão os nossos veículos roubados? Para a Bolívia ou Paraguai? Para desmanches? Para realizarem “paradas” e serem abandonados depois? Não sei qual a resposta, porém conheço o medo e a indignação de transitar pela nossa cidade, o susto e a desconfiança em relação a todo carro ou moto que encosta.
Na condição de cidadã, me sentia protegida quando via mais viaturas nas ruas, quando existiam as patrulhas de bairros, quando a polícia estava mais visível. Nunca cruzei os dados para saber se a polícia nas ruas é mais eficiente para combater a violência do que este novo sistema de inteligência, entretanto, psicologicamente me sinto mais frágil. É importante que nos conscientizemos que a violência está aí e que a maldade humana existe, atingindo toda sorte de pessoas.
Quando esta cidade se revoltou com a notícia da morte de Ximbica pelo motivo fútil dele ter jogado as chaves do seu veículo para cima, logo pensamos: poderia ter sido eu, meu filho, meu cônjuge, meus pais, qualquer um dos meus irmãos ou amigos. O réu confesso o matou por irritação, a sangue frio, sem nenhum sinal de humanidade. Este poderia ter sido ou meu ou o seu assassino, por isso pedimos aos homens públicos dessa cidade: tomem providências, senhores! Precisamos de paz.
Rita de Cássia Souza Tabosa Freitas
é doutoranda em Filosofia dos Direitos Humanos
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