Talvez quem leia o título deste artigo se pergunte qual a semelhança entre a estatal e esse caboclo de perfil forte que foi o saudoso caruaruense Nelson Barbalho, onde uns achavam que era comunista, e os comunistas achavam que ele era reacionário, que achavam que ele era religioso, que por sua vez achavam que ele era ateu. Mal sabiam todos que Nelson tratava-se de um dos maiores nacionalistas em prol da Petrobras que este solo já tinha visto nascer. Era julho de 1957, ano do centenário de Caruaru, outro imortal, Luiz Gonzaga chegava para jantar na casa do caruaruense, onde encomendou ao também compositor Barbalho, dois baiões, nascia um deles, a “Marcha da Petrobras”.
Entre outros versos, a canção ressalta: “Brasil, meu Brasil, tu vais prosperar tu vais, vais crescer inda mais, com a Petrobras”. Apesar de “A Marcha” só ter sido gravada em 1959, não podemos deixar de ressaltar e perguntarmo-nos como estaria Nelson Barbalho, autor do “Hino da Petrobras” na campanha “O Petróleo é nosso!”, se estivesse vivo e vendo todo esse estupro e canibalismo feroz que o Governo Federal está fazendo com a nossa estatal?. Algo que já foi um dos maiores orgulhos do Brasil, a Petrobrás tem 32,4% de chances de ir a falência nos próximos dois anos, e o levantamento não é oriundo de nenhum político da oposição ao PT, e sim fruto de uma análise da administradora americana Macroaxis, uma das mais especializadas em fazer esse tipo de cálculo.
Para compararmos outros riscos de falência de empresas importantes do ramo, a gigante ExxonMobil do ramo de óleo e gás, por exemplo, tem probabilidade de falência de 0,86%. Na última década, não existiu nenhuma área no governo que teve uma gestão tão ineficiente e desacertada como a da Petrobras. São índices escandalosos que refletem o mau gerenciamento somado ao uso político e aparelhamento acumulados do que ainda deveria ser a “menina dos olhos de todos os brasileiros”. Quem não se lembra do petista José Sérgio Gabrielli, demitido em janeiro de 2012, onde em vez de prestar informações quando confrontado, respondia com grosserias e desaforos?.
Ah, e como não recordar em 2006, da super divulgação nacional que éramos autossuficientes na produção de combustíveis? Ironia do destino ou mentira tem pernas curtas, tirem suas conclusões: Hoje compramos etanol dos Estados Unidos. Depois da estatal brasileira anunciar o reajuste no preço dos combustíveis, observaram as suas ações despencar 10% em apenas um dia, perdendo 25% bilhões de reais em valor de mercado num espaço curto de pouquíssimas horas. Também em 2006, quem não se lembra do presidente da Bolívia, Evo Morales, que tomou duas refinarias da Petrobras no país. Se a empresa recebeu alguma compensação justa, ninguém sabe ninguém viu. A Petrobras que deveria ser sinônimo de transparência transformou-se, de fato, numa verdadeira caixa-preta.
Volto a perguntar-me, como estaria nosso escritor, historiador, pesquisador, jornalista, autodidata, lexicógrafo, compositor e imortal Nelson Barbalho de Siqueira Cavalcanti, autor do slogan “País de Caruaru”, em sua ótica macro, observando esse fracasso e vulnerabilidade dessa estatal de economia mista, que devido ao registro de perdas com a defasagem dos combustíveis e tentando reduzir os custos, algo parecido com correr atrás do tempo perdido, anunciou nas últimas semanas, o plano de demissão voluntária para seus funcionários. Culturamente como dizem os mais velhos sobre os que já se foram para a plenitude; “Oh Deus, tape as ouças” de Nelson, que também sabiamente dizia em vida: “No dia da minha morte é que começo a viver”, que a morte também não chegue para a nossa Petrobras.
*Raffiê Dellon é Presidente do PSDB de Caruaru.