Operação Ponto Final – Vereadores alegam inocência e dizem que “caíram em arapuca”

Mário Flávio - 27.12.2013 às 20:52h
Vereadores se reuniram para alegar inocência em coletiva

Vereadores se reuniram para alegar inocência em coletiva

Durante coletiva de imprensa na tarde dessa sexta (27), no Hotel Eduardo de Castro, em Caruaru, os 10 vereadores investigados na Operação Ponto Final apresentaram em consenso um discurso para garantir que são inocentes. Destes, 4 vereadores ficaram responsáveis por se pronunciar aos jornalistas: Evandro Silva (PMDB), Val (DEM), Sivaldo Oliveira (PP) e Jadiel Nascimento (PROS).

No contexto

“Val, Cecílio e Sivaldo são os líderes da quadrilha”, diz Erick Lessa

Evandro foi o primeiro a se pronunciar e seu discurso resumiu a estratégia tanto dos vereadores governistas quanto os da oposição. “A inocência minha é total. Não há nada que nos incrimine de recebimento de propina”, defendeu-se.

Já Val, apontado pela polícia como um dos líderes da suposta organização criminosa formada pelos edis, foi mais enfático: “Estou tranquilo, nós caímos em um arapuca, isso foi uma armação. Fomos presos pelo que foi apresentado pelo delegado, mas não há provas”, contestou.

Na verdade, os vereadores o tempo todo insinuavam que havia perseguição política e uma armação contra o grupo. Some-se a isso ainda que os vereadores várias vezes relacionavam o governo municipal à perseguição que disseram sofrer.

No entanto, eles também não chegaram a dizer que o governo municipal, ou até o prefeito, teria influenciado para facilitar as investigações. “É algo que devemos analisar com calma, até porque não temos acesso ao inquérito como um todo, não podemos nos precipitar, mas garantimos que somos inocentes. Se ser organização criminosa foi aprovar um projeto quando é para o bem da cidade, ou reprovar um projeto depois de analisarmos”, discursou. Vale ressaltar, por outro lado, que as incestigaçōes tomar como base depoimentos dos próprios vereadores publicamente e teria partido de denúncia anônima.

Essa ideia de armação foi insinuada até em uma metáfora feita pelo vereador Jadiel Nascimento, que utilizou a história bíblica de José do Egito – incriminado injustamente de seduzir a esposa de um oficial do faraó – para ressaltar que há casos em que as pessoas são injustiçadas. Jadiel, no entanto, desviou-se de comentar a respeito de uma denúncia paralela ao inquérito da votação do projeto do BRT, que supõe que ele teria tomado empréstimo no valor se R$ 30 mil para votar na CPI da CGU, para investigar irregularidades em relatório da Controladoria-Geral da União sobre a prefeitura municipal.

OS CABEÇAS?

Apesar do discurso de inocência levantado pelos vereadores, uma hora antes a polícia civil também
havia dado coletiva para apresentar mais detalhes sobre o inquérito e as possibilidades e quantos anos de prisão os vereadores poderiam pegar caso fossem julgados e condenados. Nesse contexto, os vereadores Val (DEM), Cecílio Pedro (PTB) e Sivaldo Oliveira (PP) foram apontados como líderes da suposta organização.

Cecílio não se pronunciou, mas Sivaldo fez um apelo: “É preciso que não sejamos julgados sem que haja provas concretas, pois até agora nada foi apresentado que comprove crime algum e nós temos direito à defesa. O que definimos entre nós na penitenciária, na verdade, é que alguns de nós iriam responder publicamente em nome dos demais”, ressaltou.

Já Eduardo Cantarelli (SDD), apontado como articulador do possível esquema, não iria falar, já ao final da coletiva, mas foi ainda abordado por um dos jornalistas presentes e negou a acusação. “Essa foi a primeira vez que pudemos nos defender publicamente, e de maneira alguma houve posicionamento nosso que pudesse ser interpretado como algo ilícito”, afirmou.

Os advogados de defesa dos vereadores não quiseram se pronunciar sobre as informações apresentadas pela polícia mais cedo, apenas justificaram que apenas corre o inquérito investigativo, não um processo judicial.

Foram cumpridos 10 mandados de prisão preventiva, 13 mandados de busca e apreensão, 37 depoimentos e 756 horas de interceptarão telefônica, além de captação de áudio e vídeo. São Mais de 500 páginas de inquérito policial. Os vereadores investigados são: Sivaldo Oliveira (PP), Cecílio Pedro (PTB), Val das Rendeiras (PROS) e Pastor Jadiel (PROS) e seis da oposição – Val (DEM), Louro do Juá (SDD), Eduardo Cantarelli (SDD), Jajá (PPS), Neto (PMN) e Evandro Silva (PMDB).

Cada vereador poderia pegar até 56 anos de prisão, indiciados duas vezes por concussão, duas vezes por corrupção passiva, e por integrarem organização criminosa. A exceção ficaria para Sivaldo e Cecílio, que pegariam 28 anos cada um, por serem indiciados uma vez por concussão e uma vez por corrupção passiva. O caso de Jadiel também é particular, já que ele cooperou com a polícia durante a prisão preventiva, mas também será investigado sobre as circunstâncias do empréstimo de R$ 30 mil. Eles são investigados por tentar obter vantagens em razão de suas funções, na votação de projetos, principalmente o que prevê a criação do sistema Bus Rapid Transport (BRT).