O silêncio burocrático das notas e a desumanização da gestão pública

Mário Flávio - 18.02.2025 às 11:18h

A comunicação entre o poder público e a população é essencial para o funcionamento de uma democracia saudável. No entanto, em muitos casos, essa relação tem sido reduzida a um fluxo frio e impessoal de notas enviadas à imprensa, ao invés de entrevistas diretas e esclarecedoras com representantes da gestão. Essa prática não apenas distancia os gestores da realidade cotidiana dos cidadãos, mas também contribui para a desumanização do próprio governo.

As respostas enviadas por meio de notas oficiais não são dirigidas aos veículos de comunicação, mas sim à população que busca esclarecimentos sobre problemas que afetam seu dia a dia. Muitas vezes, são questionamentos sobre saúde, transporte, educação, infraestrutura e outras áreas essenciais, que impactam diretamente a qualidade de vida das pessoas. Quando o poder público opta por responder apenas por meio de comunicados padronizados e impessoais, perde-se a oportunidade de demonstrar empatia, compromisso e transparência.

Os veículos de imprensa desempenham um papel fundamental nessa dinâmica. Eles não são apenas meros transmissores de informações, mas verdadeiros mediadores entre o povo e o governo. São os jornalistas que dão voz às demandas populares, levam ao poder público questões que, de outra forma, poderiam ser ignoradas e cobram respostas que, em muitos casos, só chegam após insistentes questionamentos.

Quando um representante público se dispõe a dar entrevistas, a comunicação se torna mais humanizada. O gestor tem a oportunidade de olhar nos olhos da população, de demonstrar que compreende os problemas e que está disposto a buscar soluções. Além disso, uma fala direta permite um nível de esclarecimento muito maior do que um texto redigido por assessorias, que frequentemente utilizam uma linguagem vaga e evasiva.

A substituição do diálogo por notas oficiais empobrece o debate público. Quando o poder público evita entrevistas e se esconde atrás de comunicados, transmite a mensagem de que não está disposto a enfrentar as demandas da população de forma transparente. A gestão pública não pode ser apenas um conjunto de processos administrativos; ela precisa ser exercida com humanidade, proximidade e responsabilidade.

Em um momento em que a sociedade cobra cada vez mais transparência e participação, é fundamental que os representantes do poder público resgatem o papel do diálogo e da escuta ativa. Responder às demandas populares com humanidade não é apenas uma questão de comunicação, mas de compromisso com aqueles que realmente importam: os cidadãos.