O novo presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva, afirmou neste domingo (3), durante o Encontro Nacional da legenda em Brasília, que o partido precisa se preparar para manter seu projeto político mesmo após a saída de Luiz Inácio Lula da Silva das disputas eleitorais. Segundo ele, a sucessão em 2026 não deve girar em torno de um nome específico, mas da força institucional da sigla.
“Essa eleição (de 2026) é de fato a mais importante da nossa vida. Temos a responsabilidade de construir o partido para quando o presidente Lula não estiver mais nas urnas disputando o projeto. Ele nos deixa um legado fundamental, mas sempre disputou eleições em momentos de crise. Após 2026, por direito ao descanso, não teremos mais. O seu substituto não será um nome, mas o PT”, declarou Edinho, que é ex-prefeito de Araraquara (SP).
O evento contou com a presença de Lula e de 11 ministros de seu governo. Além do discurso de unidade, o encontro foi marcado por críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que recentemente anunciou um aumento de 40% nas tarifas sobre produtos brasileiros, elevando a taxação total para 50%.
Edinho Silva foi direto ao atacar Trump: “Estamos enfrentando o maior líder do fascismo, que é Donald Trump. Se o Trump representa o fascismo e nega a urgência climática, nós temos que dizer não a isso”. Ele também criticou o bolsonarismo e classificou o ex-presidente Jair Bolsonaro como parte dessa mesma corrente extremista.
Já o presidente Lula, em tom mais duro, criticou indiretamente a aproximação de políticos brasileiros com Trump. Sem citar nomes, ele se referiu a viagens recentes de aliados de Bolsonaro aos Estados Unidos. “Tem um cara que fazia campanha abraçado na bandeira nacional, agora tá indo nos Estados Unidos se abraçar na bandeira americana para pedir pro Trump fazer taxação nos produtos brasileiros para dar anistia para o pai dele. É a excrescência da excrescência política”, disse.
Lula também defendeu que o campo progressista retome o uso de símbolos nacionais, como a bandeira do Brasil e a camisa da seleção. “Vamos resgatar a bandeira nacional para o povo brasileiro. Vamos resgatar a camiseta da seleção brasileira para o povo brasileiro. Não é possível que fascistas, nazistas, fiquem desfilando com as cores nacionais, contando mentira e traindo a pátria”, completou.
O encontro reforça a estratégia do PT de se consolidar como principal força do campo progressista, mirando 2026 com ou sem Lula nas urnas. A fala de Edinho sinaliza que a legenda pretende fortalecer sua estrutura e capilaridade, independentemente da figura do ex-presidente.
