O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, faleceu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, em sua chácara em Rincón del Cerro, nos arredores de Montevidéu. A informação foi confirmada pelo atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi, em comunicado oficial.
Mujica enfrentava um câncer de esôfago desde abril de 2024, que posteriormente se espalhou para o fígado. Em janeiro de 2025, ele anunciou publicamente que havia suspendido o tratamento e que estava em fase terminal da doença. Desde então, recebia cuidados paliativos em casa, ao lado da esposa, Lucía Topolansky.
Trajetória de luta e simplicidade
Nascido em 20 de maio de 1935, Mujica teve uma vida marcada por militância política e resistência. Na década de 1960, integrou o Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros, grupo guerrilheiro de esquerda que combatia a ditadura militar uruguaia. Durante esse período, foi preso e passou cerca de 14 anos encarcerado, muitos deles em regime de isolamento.
Com a redemocratização do país, Mujica ingressou na política institucional pelo partido Frente Ampla. Foi eleito deputado em 1995, senador em 2000 e, posteriormente, ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca entre 2005 e 2008. Em 2010, assumiu a presidência do Uruguai, cargo que ocupou até 2015.
Durante seu mandato, implementou políticas progressistas que colocaram o Uruguai em destaque internacional, como a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a descriminalização do aborto e a regulamentação da produção e venda de maconha.
O presidente mais humilde do mundo
Mujica ficou conhecido mundialmente por seu estilo de vida austero. Recusou morar na residência oficial da presidência, optando por permanecer em sua chácara, onde cultivava flores com a esposa. Doava cerca de 90% de seu salário presidencial para instituições de caridade e utilizava um Fusca azul 1987 como meio de transporte.
Sua simplicidade e discursos voltados à justiça social e ao combate ao consumismo lhe renderam admiração global. Em 2012, foi apelidado pela imprensa internacional como “o presidente mais pobre do mundo”.
Legado e homenagens
A morte de Mujica gerou comoção em diversos países. Líderes mundiais expressaram pesar e destacaram seu compromisso com a democracia e os direitos humanos. O presidente uruguaio, Yamandú Orsi, afirmou que “sentiremos falta de sua sabedoria e exemplo de vida”.
Segundo informações do jornal argentino Clarín, o corpo de Mujica será cremado em cerimônia privada.
Pepe Mujica deixa um legado de integridade, humildade e dedicação à causa pública, sendo lembrado como um dos líderes mais carismáticos e autênticos da América Latina.
