
Desde 2021, o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) destinou R$ 33 milhões em emendas Pix para Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo — município onde teve apenas 1% dos votos na eleição de 2022. O número contrasta com os escassos 2.198 eleitores que o apoiaram na cidade, o que faria dele apenas o 16º vereador mais votado localmente, caso concorresse ao cargo.
Carapicuíba lidera o ranking nacional de recebimento desse tipo de repasse, somando R$ 157 milhões em emendas Pix. Segundo levantamento do portal Metrópoles, boa parte do valor — cerca de R$ 92 milhões — foi enviada por parlamentares evangélicos desde 2020, em um esforço articulado de transferências para a cidade.
Apesar do volume expressivo de recursos, a gestão das verbas em Carapicuíba tem sido alvo de críticas. O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE) e parlamentares já apontaram falhas de transparência na aplicação dos valores. Em um parecer recente, emitido em 25 de março, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome avaliou uma das emendas, de R$ 6 milhões — destinada a obras de infraestrutura, compra de cestas básicas e acolhimento de crianças — como “incompleta”, afirmando que as informações disponíveis “não nos permitem concluir a análise”.
O contraste entre a expressiva destinação de recursos e a votação pouco expressiva do deputado chama atenção. Em Orlândia, cidade natal de Feliciano e onde ele teve três vezes mais votos que em Carapicuíba, o montante enviado foi de apenas R$ 500 mil. A situação reforça os questionamentos sobre critérios políticos e religiosos na definição das emendas Pix — modalidade de transferência direta de recursos federais, com baixa exigência de prestação de contas prévias.