O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, voltou a criticar a atuação da Corte e, em especial, do ministro Alexandre de Moraes. Em entrevista publicada nesta segunda-feira (22) pela Coluna do Estadão, Marco Aurélio classificou como “extravagante” o atual momento do STF e afirmou que Moraes deveria “ser levado ao divã”, em referência ao que considera um comportamento autoritário por parte do magistrado.
Segundo ele, Moraes estaria promovendo um ambiente de censura e humilhação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. “É extravagância. O que se tem hoje é censura. Moraes precisa ser levado ao divã, precisa ser analisado clinicamente”, declarou o ex-ministro, que presidiu o STF entre 2001 e 2003.
Marco Aurélio também criticou o que chamou de “espírito de corpo” dos demais ministros que acompanham as decisões de Moraes. Para ele, o colegiado tem abdicado do debate técnico para seguir um alinhamento automático, o que comprometeria a independência e a legitimidade das decisões da Corte.
As críticas de Marco Aurélio vêm num momento em que o Supremo enfrenta uma série de questionamentos por suas ações no inquérito das milícias digitais, no qual Bolsonaro é investigado. Recentemente, Moraes determinou o uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente e restringiu seus contatos e movimentações, medidas que vêm sendo questionadas por parlamentares da oposição e por ex-integrantes da própria Corte.
Embora aposentado desde 2021, Marco Aurélio tem se manifestado com frequência sobre os rumos do Judiciário e é uma das vozes mais críticas às decisões monocráticas e à concentração de poder nas mãos de ministros como Alexandre de Moraes. Ele também tem demonstrado preocupação com os limites entre os Poderes e a preservação das garantias constitucionais.
