Maioria das cidades brasileiras estagna ou piora em índice de desenvolvimento sustentável; SP domina o topo e Maranhão, o fim da lista

Mário Flávio - 04.08.2025 às 09:58h

Um levantamento do Instituto Cidades Sustentáveis revelou que 60% dos municípios brasileiros estagnaram ou regrediram nos últimos dez anos no Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC-BR), ferramenta que avalia o cumprimento das metas da Agenda 2030 da ONU. A pesquisa abrange o período de 2014 a 2023 e utiliza dados oficiais do IBGE, INEP, DataSUS, entre outras fontes públicas.

Das 5.570 cidades analisadas, apenas 40% melhoraram sua pontuação no índice, que vai de 0 a 100. A maioria dos municípios manteve o mesmo desempenho ou teve retrocessos em áreas como saúde, educação, segurança, mobilidade, meio ambiente e habitação. A situação revela a dificuldade de boa parte das gestões municipais em implementar políticas públicas estruturadas para promover desenvolvimento sustentável.

A concentração regional das melhores e piores pontuações chama atenção. Das 100 cidades com maior desempenho, 75 estão no estado de São Paulo e 15 em Minas Gerais. O Sul aparece com quatro municípios do Rio Grande do Sul, três de Santa Catarina e dois do Paraná. Pernambuco figura com apenas uma cidade no topo do ranking.

Na outra ponta, o panorama é crítico: 75 das 100 cidades com pior desempenho estão localizadas no bioma Amazônia e 19 no Cerrado. Maranhão lidera em número de municípios entre os 100 piores (39), seguido por Pará (33), Amazonas (17), Bahia (3), Acre e Piauí (2). Paraíba, Pernambuco, Roraima e Tocantins têm uma cidade cada nessa faixa inferior.

O estudo também traçou o desempenho das capitais brasileiras. Do total de 27, apenas três apresentaram nível “alto” (acima de 60 pontos). Doze capitais registraram nível “médio” (entre 50 e 59,99 pontos), 11 estão no nível “baixo” (40 a 49,99) e duas, no nível “muito baixo” (abaixo de 40 pontos).

São Paulo é a capital mais bem posicionada, com 57,9 pontos, ocupando a 414ª colocação geral. Brasília vem em segundo, com 57,6 pontos (459ª posição), seguida por Curitiba (57,7 pontos e 475ª). As piores colocações entre as capitais ficaram com Porto Velho (38,9 pontos e 5.428ª posição) e Macapá (39,7 pontos e 5.382ª).

Para os organizadores do estudo, o IDSC-BR pode ser um instrumento estratégico de gestão pública, ajudando prefeitos e equipes técnicas a identificar gargalos e traçar metas mais precisas e mensuráveis. Ainda assim, os dados revelam que, sem planejamento urbano integrado, investimentos em políticas sociais e fortalecimento da gestão local, grande parte dos municípios brasileiros continuará longe das metas de desenvolvimento sustentável propostas pela ONU.