
A tentativa do ministro Alexandre de Moraes de construir uma resposta institucional do Supremo Tribunal Federal (STF) às sanções impostas pelos Estados Unidos fracassou e expôs o clima de divisão entre os ministros da Corte. Segundo apuração do portal Poder360, a maioria dos magistrados recusou-se a assinar uma carta de apoio elaborada por Moraes, considerada inapropriada por alguns integrantes do STF.
O plano do ministro era divulgar uma manifestação conjunta após ter seu nome incluído na Lei Magnitsky, norma norte-americana voltada a sanções contra pessoas acusadas de envolvimento em corrupção e violações de direitos humanos. Diante da resistência interna, apenas o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, divulgou uma nota protocolar, sem mencionar diretamente os Estados Unidos nem defender de forma explícita o colega.
A situação escancarou o racha dentro do Supremo, que ganhou contornos mais evidentes durante um jantar oferecido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio da Alvorada. Do total de 11 ministros, apenas seis compareceram, em um gesto lido nos bastidores como sinal de desconforto com o protagonismo e os métodos de Moraes em decisões recentes.
A Advocacia-Geral da União (AGU) estuda acionar a Justiça norte-americana para tentar reverter a sanção, mas fontes do governo reconhecem que o processo é complexo, sem garantias de êxito e com tramitação potencialmente longa.
A crise deve pautar a reabertura dos trabalhos do STF nesta sexta-feira (1º). Há expectativa de que Barroso e Moraes façam discursos públicos em defesa da Corte e tentem minimizar os danos institucionais provocados pela medida adotada por Washington. Internamente, no entanto, o episódio reforça o isolamento do ministro e a dificuldade de articulação entre os integrantes do tribunal.