O vice-governador João Lyra (PDT) vem a Caruaru para participar da inauguração das ampliações do Sesc local nesta terça-feira (10), mas mais cedo, ele teve um conversa exclusiva com o editor do blog, Mário Flávio, para falar sobre o processo eleitoral na cidade. Ele manteve o mesmo discurso apresentado na carta aberta, na qual declarou que não subiria no palanque do prefeito Zé Queiroz (PDT), expondo os problemas que identificava na gestão atual. Segundo João, a decisão tomada por ele e por sua filha, a secretária estadual Raquel Lyra (PSB) foi dolorosa, tendo em vista que desde 1959 um Lyra não ficava fora das eleições na cidade.
Além disso, o vice também deixa aberta a possibilidade a formação de um novo grupo político no município, visando as próximas eleições, sob o comando dele e de Raquel. Crítico de vários pontos que ele considera deficientes na administração de Queiroz, João afirma que é natural o desejo, a mobilização e o estabelecimento de novas forças políticas, no ciclo das eleições.
Sobre as eleições em Recife, ele ainda avalia a pesquisa recente que apontou Geraldo Júlio com 4% nas intenções de voto das eleições na capital. Segundo João, ainda é cedo para analisar como será a identificação da população com Geraldo e diz que sua popularidade deve aumentar quando o guia eleitoral começar a ser veiculado.
Ainda repercute muito em Caruaru a sua carta, na qual o senhor afirmou que não subiria no palanque do prefeito Zé Queiroz. Atualmente, a expectativa é que o PCdoB também faça esse anúncio, através do presidente do diretório do partido, Lícius Cavalcanti. Como o senhor está acompanhando essa situação de Lícius?
Essa questão da minha carta, foi algo publicado na imprensa de Caruaru e do estado. É um posicionamento político que eu assumi, juntamente com a deputada Raquel Lyra, em sintonia com aquilo que nós estávamos dizendo há mais de um ano: falta de diálogo, falta de participação, o que nos fez escrever essa carta, conversar com Eduardo Campos, comunicá-lo e publicar nosso posicionamento. Eu tenho conversado com as forças políticas de Caruaru, inclusive com o PCdoB, com o presidente do partido e presidente da Câmara, Lícius Cavalcanti, e também com sua comissão política, e tenho entrado em contato com lideranças do PT, lideranças locais, algumas com mandato na Câmara. Tenho participado ativamente de todas as conversações. E tenho acompanhado muito a questão do PCdoB, e eles estão discutindo o que fazer. Pelas mesmas razões que publiquei a carta, o PCdoB está reunido e possivelmente tomando uma posição. Tive algumas conversas com Lícius, mas temos que aguardar a decisão do presidente do diretório. Agora, tenho acompanhado de perto e sei que essa decisão não foi fácil pra mim, nem pra Raquel, mas não nos restava outra alternativa, a não ser explicar a Caruaru e a Pernambuco nossa posição nas eleições em Caruaru. E como você disse em sua coluna dessa terça, é a primeira vez que um integrante da família Lyra não participa de um campanha em Caruaru, desde 1959. É um processo doloroso ficar fora da eleição.
O senhor acredita que seja possível a formação de um novo grupo política em Caruaru, comandado pelo senhor e por Raquel Lyra?
Eu acho que esse processo de renovação sempre acontece. É um sentimento de coletividade, depois revela-se um movimento, depois surge nas eleições. O movimento de renovação foi muito claro em Caruaru em 2010, quando Raquel, concorrendo pela primeira vez a deputada, teve uma votação expressiva, foi a mais votada na cidade. Nós estamos acompanhando essa evolução e desejos da população. Quando acontece esse desejo, os mais diversos setores da sociedade começam a participar dessas transformações, sejam movimentos de classe, associações comerciais, grupos sindicais, grupos da zona rural… É um movimento que começa a mexer com toda a cidade. Há jovens líderes iniciando suas vidas públicas. Tem o candidato a vice-prefeito Diogo Cantarelli, tem o candidato a prefeito, Fábio José, do PSOL, e Raquel Lyra, todos com trinta e poucos anos. Eles representam uma nova geração de políticos e isso é importante, pois oxigena o quadro, a partir de visões modernas e precisamos que isso aconteça em Pernambuco e no Brasil. Nosso estado é exemplo disso, a exemplo de Eduardo Campos, que se candidato a governador com 43 anos e transformou Pernambuco em um dos estados que mais cresce no país.
Como o palácio recebeu a pesquisa ontem, divulgada no blog de Magno Martins, em que Geraldo Júlio apareceu com apenas 4% de intenções de voto?
Eu tive reunião ontem com Eduardo, no núcleo de gestão, e vimos isso com maturidade. Geraldo é um candidato que nunca participou de eleições e não é um nome conhecido. Recife tem quase um milhão e cem mil eleitores e agora ele começa a aparecer nos jornais. Sabemos que na mídia, há um grupo pequeno de leitores que tem acesso a jornais regularmente, apenas 2,5% ou 3%, em um universo de quase 2 milhões de pessoas na cidade de Recife. Eu conversei com Geraldo, ele está confiante, otimista, está muito empenhado e acho que só podemos ter uma projeção de um quadro do dia 7 de outubro quando estivermos com 1 semana, ou 2 semanas do guia eleitoral. Isso porque, por maior que seja a Frente, um candidato que não é conhecido, só vai se tornar conhecido a partir do guia na TV e no Rádio. A pesquisa nesse momento é uma marca, pois ele aparece com 4% agora, mas se na próxima pesquisa ele aparecer com 12%, mostrará que ele crescerá 200%. É natural que observemos um patamar inicial para os candidatos. Isso faz parte dos primeiros momentos da campanha. Vamos disputar bem essa eleição no Recife.