Edital Inova Mulher é lançado pela Sudene

Mário Flávio - 14.03.2024 às 17:33h

Ainda que apresentem maior nível de escolaridade, as mulheres no Nordeste ainda ganham menos que os homens e ocupam menos cargos gerenciais. A desigualdade de gênero envolvendo a participação feminina no mercado de trabalho foi um dos cenários considerados pela Sudene para o lançamento do edital Inova Mulheres, que vai selecionar iniciativas inovadoras lideradas por mulheres e objetivem a promoção do desenvolvimento regional. O certame recebe propostas até o próximo dia 22 de abril. As informações estão disponíveis no site www.gov.br/sudene.

Criar instrumentos para oferecer oportunidades de afirmação do empreendedorismo feminino é uma das ações da Sudene que integra o Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste. Para apresentar propostas como o Inova Mulher, a autarquia analisou os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo IBGE com dados de 2022. O levantamento aponta que as mulheres são maioria nos graus de qualificação mais elevados entre pessoas com 25 anos ou mais de idade. Nesta parcela da população, 30% das mulheres possuem ensino médio completo ou equivalente, ante 27% dos homens. Em relação ao ensino superior, as mulheres atingiram 15%, contra 10% registrado pela população masculina. Mesmo assim, o público feminino sofre mais com o desemprego.

Na avaliação da pesquisadora, este cenário pode estar sendo fortalecido por fatores culturais que associam determinadas carreiras profissionais ao público masculino ou criam uma percepção equivocada de que o homem terá mais disponibilidade para trabalhar. “Já existe culturalmente uma barreira de oportunidades porque há áreas que são associadas imediatamente à presença masculina, como ocorre nas engenharias e nas ocupações na área de tecnologia. É um fator que demanda um tempo muito maior para mudar esta percepção”, disse a servidora.

Quando aborda a predileção do mercado pela contratação dos homens, Gabriela lembra as mulheres convivem com outros empecilhos para modificar esta tendência. “Em um cenário no qual um homem e uma mulher possuem a mesma qualificação e disputam a mesma vaga, há uma tendência de contratação para o primeiro porque, em algumas situações, as empresas acham que a maternidade poderá diminuir a disponibilidade e o foco da mulher no trabalho. São questões que infelizmente atrapalham o processo de decisão e prejudicam a igualdade de oportunidades”, disse.

A região Nordeste também apresenta a maior taxa de subutilização do trabalho feminino em todo o Brasil. Na região, este indicador atinge 39% da amostra, enquanto o índice nacional é 26%. Quando analisada a proporção de pessoas em posições gerenciais, os homens ocupam pelo menos 1,5 vezes mais cargos de liderança do que as mulheres. No Nordeste, apenas 39,6% dos postos de trabalho desta natureza são ocupadas pelo público feminino. Isso reflete no rendimento médio mensal das pessoas de 14 anos ou mais que estão ocupadas. A PNAD mostrou que os homens têm renda 15% maior do que das mulheres. Enquanto os ganhos mensais médios do público masculino chegam a R$ 1.962,00, o valor cai para R$ 1.699,00 para as mulheres.

Para o superintendente Danilo Cabral, a pauta a favor equidade de gêneros é um tema que precisa estar presente na agenda da Sudene. “O lançamento do Inova Mulher foi uma primeira resposta para reposicionar a instituição neste debate. Isso também é resultado de nossa preocupação em fortalecer nossa vocação histórica na área de inteligência regional. Isso nos dá condições de propor políticas mais assertivas para melhorar a qualidade de vida das pessoas”, comentou o gestor.

As linhas setoriais prioritárias dos projetos submetidos ao Inova Mulher são economia criativa, bioeconomia e educação. A expectativa é de que sejam beneficiados 51 projetos em todos os estados de atuação da Sudene. Cada proposta receberá até R$ 80 mil. O investimento é de R$ 4 milhões.