Da Folha de Pernambuco
A parceria entre a Rádio Folha FM (96.7) e a caruaruense Rede Liberdade Sat estreou no último dia 15, com o início do Campeonato Pernambucano, e já está dando o que falar fora e dentro das quatro linhas. Com uma proposta ousada de cobertura do futebol, a equipe esportiva alia profissionais do Interior e da Capital com a meta de incluir todos os times nas resenhas diárias e transmissões das rodadas dos jogos.
Uma verdadeira “operação de guerra” foi montada com repórteres, comentaristas e locutores para o sucesso do projeto, e todos imbuídos com um só pensamento: vitória! No comando da equipe está o diretor da Rede Liberdade, Ivan Feitosa. Otimista e aguerrido, ele aposta todas as fichas no sucesso da nova parceria já que as empresas se complementam.
“A Rádio Liberdade tem conceito, credibilidade e conteúdo, já a Rádio Folha tem conceito, credibilidade, mas não tinha a expertise na cobertura esportiva que a Liberdade conquistou ao longo desses 46 anos. A Rádio Folha tem a simpatia do público, mas é jovem”, explicou Feitosa. Nessa história da “caçula quarentona” da radiofonia caruaruense está a participação em sete Copas do Mundo, sendo que as duas últimas transmissões com direitos comprados.
Para o próximo ano, Feitosa garante que a Folha FM/Liberdade terá a primeira cobertura de evento internacional com a Copa das Confederações, que terá como sede o Brasil. Já o Mundial de 2014 está 70% fechado. Além dos planos a médio e longo prazo, Ivan Feitosa conversou com a Folha de Pernambuco, sobre a história da Liberdade e objetivos da parceria com a emissora recifense.
Como começou a se delinear essa parceria entre o Grupo EQM/Rádio Folha e a Rede Liberdade Sat?
Nós entendemos que Recife estava carente de mais um veículo de comunicação na frequência modulada transmitindo futebol. Com a nossa disposição de levar o sinal da Liberdade para o satélite, através de Marize Rodrigues, gerente da Rádio Folha, esse projeto foi parar no Grupo EQM. O diretor presidente, Eduardo Monteiro, nos convidou para uma conversa quando foi explicitado o projeto.
Quando começou o projeto de transmissão via satélite da Rádio Liberdade?
Tudo começou por conta da nossa cobertura de Copa do Mundo. Nas duas últimas, em 2006, na Alemanha, e em 2010, na África do Sul, compramos os direitos de transmissão à Rede Globo. Hoje temos no Brasil 4.900 emissoras de rádio, mas apenas 26 compraram os direitos em 2006. Já em 2010 foram 24. No interior do Brasil, só três rádios conseguem comprar, uma de Londrina, uma de Feira de Santana, e a Liberdade, de Caruaru. Quando o mercado nos viu comprando os direitos de Copa, várias rádios começaram a ficar interessadas em trabalhar conosco.
Mas só podíamos contemplar com a retransmissão, segundo exigência da FIFA e da Globo, empresas que estivessem em rede. Vendo essa necessidade, o crescente mercado do futebol, começamos a trabalhar internamente essa possibilidade ao final do Mundial de 2010. Levantamos custos e acertamos com a Embratel o novo sinal satélite.
Falando em Copa do Mundo e Copa das Confederações, como estão os preparativos para as coberturas dessas competições? Já foi negociada a compra dos direitos?
Sim. É preciso saber o valor que será pago, mas já estamos com a infraestrutura montada, diferentemente de outras equipes do Estado. Investimos em equipamentos e profissionais. Posso dizer que 70% da trilha já está encaminhada.
O que significa para Rádio Liberdade essa parceira com a Rádio Folha?
É uma troca. A Liberdade, quando foi inaugurada, em 1964, começou transmitindo futebol. Essa bagagem foi interessante para a Folha. Nossa rádio passou 27 anos ininterruptos sem perder uma pesquisa Ibope, em Caruaru. A Liberdade FM detém 54% de audiência, quando a segunda colocada aparece com 15%. Então veja o que podemos agregar. A Rádio Folha é jovem, simpática, ligada aos movimentos culturais de Pernambuco, mas faltava o futebol para completar a grade. Outro ponto dessa união é a oportunidade que estamos tendo de apresentar os nossos profissionais de Caruaru à Capital. Fazemos o caminho inverso. Pela primeira vez na história da comunicação, estamos com o Interior enviando conteúdo à Capital. É uma quebra de paradigma que o empresário Eduardo Monteiro teve a visão de fazer.
O futebol está no DNA da Rádio que o senhor dirige, já que, historicamente, a Liberdade surgiu por conta do time do Central?
O presidente da Liberdade, o empresário Luiz Lacerda, teve parte de sua vida dedicada ao Central. Quando lhe ofertaram ser empresário de comunicação, ele disse que só queria a rádio para duas coisas: para divulgar o Clube Intermunicipal e o Central. Um fato até engraçado é que, em plena efervescência da ditadura, ninguém sabe explicar como conseguiram colocar o nome “Liberdade”, quando essa era uma das palavras mais rebatidas pelos militares.
Como foi formada essa equipe esportiva montada entre Recife e Caruaru?
Mais de 18 pessoas fazem parte do grupo. Nosso time tem como narradores Wilson Bezerra, Joberto Silva, Eri Santos e Rogério Silva. Os comentaristas são Antonio Carlos e Claudemir Gomes. Além dos vários repórteres como Edvaldo Magalhães, Sócrates da Silva, Dílson Melo, Jorge Farias, Rodrigo Colaço e Geraldo Moreira. A partir de segunda-feira (hoje), contaremos com os reforços de Hélio Macedo, Iranildo Silva e Paulo de Tarso.
Uma equipe competitiva para abocanhar uma boa fatia do mercado e conquistar o público?
Nós não poderíamos chegar no Recife fazendo o que todo mundo faz, assim seríamos mais um na multidão, e mais um não se destaca. Tínhamos que fazer a diferença. Qual a nossa diferença? É que nós acompanhamos os três clubes da Capital, os dois de Caruaru (Central e Porto) e ainda temos repórter acompanhando quem está melhor no Sertão, que hoje é o Salgueiro. É aí que estamos fazendo a diferença.
A resenha diária, “A Dona da Bola”, já estava na grade do Interior e agora começou a ser veiculada para os ouvintes da Folha. O programa teve que ser reformulado por isso?
Nós mantivemos o formato, só adaptamos algumas coisas. O âncora é Wilson Bezerra, que comanda o programa do estúdio em Caruaru, mas os repórteres do Recife entram falando do dia a dia dos clubes. Uma novidade é que a partir de segunda-feira (hoje), teremos três minutos com Edvaldo Moraes trazendo o comentário “Circuito Fechado”, que entrará em rede.
A nova parceria e a chegada ao Recife gerou um investimento em jornalismo esportivo de que ordem?
O investimento este ano será de R$ 400 mil. Estamos acompanhando tudo, os times do Recife, Caruaru e Sertão. Estamos conscientes que é uma fase de investimentos. Não podemos colher sem plantar.
O que o ouvinte pode esperar dos novos projetos dessa parceria?
Muitas coisas. Com a evolução das novas plataformas, nós não sabemos que dimensão essa nossa parceria pode ganhar no futuro, mas ela já começou bem.