Da revista IstoÉ
Em meio a mais uma crise de relacionamento com o partido aliado, governo tenta demonstrar força, avisa ter chegado ao limite e diz que não pretende curvar-se a novas pressões. Resta saber se os rebeldes do PMDB querem e podem inviabilizar a aliança. A primeira reação do governo às ameaças de rompimento feitas pelo PMDB se deu por meio de uma imagem. Na foto que ilustra esta página, a presidenta Dilma Rousseff e seu antecessor Lula entrelaçam as mãos numa demonstração total de simbiose entre os interesses do governo e a estratégia de campanha.
Assim, duas mensagens foram enviadas. A primeira destina-se a setores do PT que ainda insistem na tese do “Volta, Lula”. O ex-presidente deixou claro na reunião, convocada às pressas na quarta-feira de cinzas, que apoiará a reeleição de Dilma e todas as suas decisões. O segundo recado se dirige aos aliados do PMDB, que entraram em 2014 em situação de rebelião: seja na Esplanada, seja na negociação dos palanques estaduais que emperram a organização da campanha nacional. O governo acha que chegou ao seu limite e não pretende curvar-se a novas pressões em troca de apoio.
Na cúpula do PMDB, a interpretação é a de que o governo petista sente que pode ganhar a eleição de outubro sem a ajuda de seu principal aliado. Como o PMDB evitou citar o PT ou Dilma na propaganda eleitoral veiculada na tevê nas últimas semanas, faz sentido a ausência de peemedebistas no encontro da quarta-feira 5. À imensa mesa de granito e carvalho da biblioteca do Palácio da Alvorada sentaram-se apenas o marqueteiro João Santana, o ex-ministro Franklin Martins e o presidente nacional do PT, Rui Falcão, ladeados pelo ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, o chefe de gabinete da Presidência, Giles Azevedo, e o deputado Edinho Silva, responsável pela legenda em São Paulo.