Coluna do blog do MF – Raquel Lyra repete estratégia de silêncio adotada em Caruaru e ignora críticas da oposição em Pernambuco

Mário Flávio - 08.04.2025 às 00:13h

A governadora Raquel Lyra (PSD) voltou a recorrer a uma tática que já usava quando era prefeita de Caruaru: a estratégia do silêncio. Questionada nesta segunda-feira (7) sobre as recentes críticas do presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Álvaro Porto (PSDB) — um ex-aliado que rompeu com o governo e tem elevado o tom —, Raquel preferiu não responder. Também ignorou os ataques da bancada do PSB, que tem sido uma das mais ativas na oposição ao seu governo.

A postura lembra o período em que comandava a prefeitura de Caruaru e travava embates com o ex-prefeito Zé Queiroz (PDT), que a chamava de “fraquinha”. Mesmo sob críticas constantes, Raquel mantinha o discurso de que não responderia a provocações políticas, postura que agora, ao que tudo indica, pretende repetir no Palácio do Campo das Princesas.

Mas o cenário de hoje é bem mais amplo do que o de então. Com a recente janela partidária, Raquel transformou o PSD em uma superpotência política em Pernambuco: são mais de 30 prefeitos filiados e dezenas de pré-candidatos espalhados pelo estado, tornando o PSD o maior partido de Pernambuco. Essa nova musculatura dá à governadora uma posição confortável para evitar o confronto direto com adversários. Com um exército de aliados e uma base cada vez mais robusta no interior, Raquel prefere falar ao público e aos prefeitos do que a seus críticos na oposição.

Apesar do silêncio direcionado a Álvaro Porto e aos deputados socialistas, sobrou uma frase com endereço certo: João Campos (PSB), prefeito do Recife e seu provável adversário em 2026. “A gente faz política somando e não com raiva”, disse Raquel, em tom aparentemente pacificador, mas que escancara o início da disputa narrativa entre dois nomes que caminham para um inevitável enfrentamento eleitoral.

A estratégia da governadora pode funcionar como um gesto de maturidade institucional. O tempo dirá se o silêncio será novamente uma arma eficaz ou se, dessa vez, a oposição vai falar mais alto. A conferir.