Coluna do Blog do MF da segunda – Disputas e sinais: a simbólica presença de Eduardo da Fonte

Mário Flávio - 28.07.2025 às 09:22h

A movimentação política em Pernambuco deu uma mostra clara de que as eleições de 2026 já começaram, mesmo sem campanha oficialmente aberta. No fim de semana, o 43º Congresso de Jovens da Assembleia de Deus, realizado no Geraldão, se transformou em mais do que um grande evento evangélico: virou também um tablado político, onde cada presença, cada discurso e, principalmente, cada alinhamento teve peso estratégico.

A governadora Raquel Lyra (PSD) participou no sábado (26), reforçando sua conexão com a comunidade cristã ao lado do pastor Ailton José Alves. Fez discurso emocionado, pediu orações e exaltou o papel da juventude. No domingo (27), foi a vez de João Campos (PSB), prefeito do Recife e seu provável adversário direto em 2026, discursar no encerramento. Ele exaltou a liberdade religiosa, falou de pluralidade e fez um gesto nítido aos evangélicos — eleitorado cada vez mais decisivo nas urnas.

Mas o que mais chamou atenção nos bastidores foi a presença de Eduardo da Fonte, deputado federal e presidente estadual do PP, que compareceu exatamente no mesmo horário que João Campos. O gesto não passou despercebido.

Eduardo é aliado de Raquel Lyra, tem cargos no governo estadual e articula sua pré-candidatura ao Senado. Ele também tem em mãos uma das federações mais cobiçadas da próxima eleição: PP e União Brasil juntos somam um dos maiores tempos de rádio e TV para guia eleitoral e inserções partidárias. O apoio dele pode ser decisivo tanto para uma candidatura ao governo quanto para quem disputar o Senado.

E aí surge a pergunta inevitável: por que o líder do PP em Pernambuco foi ao encontro exatamente no momento em que João Campos discursava? Foi uma coincidência? Um movimento calculado para marcar presença com isenção? Ou um recado silencioso de que os palanques para 2026 ainda estão abertos a negociações?

Mais do que um gesto de fé, a ida ao Geraldão foi um gesto de força. Para Raquel, o foco é a reeleição. Para João, o objetivo é estadualizar seu nome. Para Eduardo, o que está em jogo é a viabilidade de um projeto majoritário — seja no Senado ou num campo mais amplo de alianças. E no jogo da política, estar no lugar certo, na hora certa, é tão importante quanto dizer a palavra certa.

O palco foi evangélico. Mas a mensagem foi nitidamente política. A conferir.