O PT não conseguiu manter a cadeira na Casa Jornalista José Carlos Florêncio. Com a desistência de Rogério Meneses em se candidatar em Caruaru, o partido apostava em Hérlon Cavalcanti e Eduardo Guerra para seguir com uma vaga na Câmara de Caruaru. Os dois não tiveram êxito, mesmo com apoio de alguns outros petistas, os quais tinham como prioridade a campanha majoritária.
O último nome do partido que muitos apostavam chegar era o de Wilon Sobral. Com mais de 18 anos de militância no MST o petista sempre fez questão de fazer referência aos Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e no guia de TV, em todas as vezes que aparecia, sempre estava com o boné do movimento, um daqueles que certa vez o presidente Lula usou num comício. O MST tem sete assentamentos em Caruaru, uma média de 25 a 30 famílias por assentamento, o que daria entre 600 e 700 votos.
Mesmo com toda identidade com o MST a surpresa foi a votação de Wilon na zona rural. Dos 133 votos que o petista obteve, apenas um foi de um eleitor da zona rural. Indagado sobre o motivo do abandono dos eleitores do movimento, que faz parte há 18 anos, Wilon não titubeou. “A cultura da venda da compra e venda de votos está enraizada na nossa cidade… É triste, mas é fato. Todos sabem, mas vejo poucos falarem nesse absurdo”, criticou.
O candidato ainda recebeu o apoio do presidente do Sindecc, Milton Manoel, mas em termos de votos, pouco acrescentou para uma eleição. “Obtive 133 votos, amigos que acreditam em mim. Sabem que eu faria um trabalho exemplar como legislador dessa cidade. Mas, estou feliz, porque saí fortalecido, sei que poderia estar mais feliz ainda, mesmo assim estou feliz por faze uma campanha com ética, honestidade e coerência. seguirei firme na luta, não desistirei dos meus objetivos. Agora mais forte do que antes”, pontuou.
Alguns analistas políticos e o diretor de Cultura, Djair Vasconcelos, já tinham alertado sobre o afastamento do PT em Caruaru dos movimentos sociais e essa votação de Wilon, com a confirmação dele que houve a venda de votos, mostra como o processo ideológico aqui está bem longe do que arrotam alguns militantes da esquerda. E diante das dificuldades apontadas, ele garante que o problema não é o MST, mas a cultura política de Caruaru.
“Não fiquei decepcionado com o MST. Fiquei decepcionado com o contexto geral. Políticos comprando votos mais do que nunca e eleitores vendendo seus votos. Em todas as ruas de Caruaru tem uma família pronta pra falar na compra de votos. Todos sabem desse fato. Foi notório. A justiça mais uma vez falhou nesse sentido. Acredito que uma reforma política de verdade poderia ajudar a reverter essa situação”, disse.
O abandono do PT, que abraçou as outras duas candidaturas e deixou Wilon e Zezé praticamente sem apoio, foi criticada pelo petista. “Acredito que o fato de eu não participar de tedências levou a isso. É verdade que o PT priorizou apenas dois candidatos, mas vou continuar na luta, a nossa proposta se insere como parte dos anseios da classe trabalhadora, de construir uma nova sociedade, igualitária, solidária, humanista e ecologicamente sustentável”, pontuou.