
O governo dos Estados Unidos oficializou neste domingo (27) um acordo tarifário com a União Europeia e reforçou o prazo para início das novas tarifas comerciais: 1º de agosto. A declaração foi feita pelo próprio presidente norte-americano durante entrevista coletiva, na qual afirmou, sem margem para dúvidas: “O 1º de agosto vale para todos.”
Com isso, o Brasil segue pressionado diante de um cenário cada vez mais desfavorável. Além do bloco europeu, outros seis países – Vietnã, Japão, Indonésia, Filipinas, Reino Unido e China – conseguiram negociar condições mais brandas após o anúncio inicial. O Brasil, no entanto, ainda busca abrir canais de diálogo com os norte-americanos, sem sucesso até o momento. Pior: foi o único país a receber do governo Trump um recado com conotação política no anúncio do tarifaço, o que torna a situação ainda mais delicada.
Na manhã de sábado (26), o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, já havia indicado à Fox News que o prazo não seria alterado. Apesar disso, afirmou que as portas para negociações permanecem abertas. O governo brasileiro tenta aproveitar essas brechas, mas tem esbarrado em dificuldades práticas e sinais contraditórios vindos de Washington.
Atualmente, estão nos Estados Unidos o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em Nova York, e uma comitiva mista de senadores – governistas e oposicionistas – em Washington, todos com a missão de buscar alternativas diplomáticas. No entanto, até agora, os contatos têm sido escassos e pouco promissores.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ouviu do secretário do Tesouro norte-americano que o tema está nas mãos da Casa Branca. Já o vice-presidente Geraldo Alckmin teve uma conversa de cerca de 50 minutos com o secretário Howard Lutnick, na qual tentou reforçar a importância da integração produtiva entre os dois países e o potencial de novos investimentos.
Apesar de não estabelecer vínculo direto com as tarifas, o encarregado de negócios dos EUA no Brasil revelou, em reunião com representantes do setor de mineração, o interesse estratégico dos americanos em minerais brasileiros – sinal que pode representar uma possível moeda de negociação futura.
Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem mantido declarações públicas em tom crítico e provocativo ao governo de Donald Trump, o que pode estar dificultando ainda mais qualquer tentativa de abertura de diálogo. O prazo se aproxima, e o Brasil segue isolado na lista dos afetados pelo tarifaço, sem acordos, sem garantias e com pouco tempo para reverter o impacto de uma medida que ameaça diretamente setores-chave da economia nacional.