O governo brasileiro enviou, nesta terça-feira (15), uma carta formal à Casa Branca cobrando respostas e propondo retomada das negociações sobre a imposição de tarifas de 50% às exportações brasileiras, anunciadas recentemente pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O conteúdo da carta foi divulgado nesta quarta-feira (16) e revela a insatisfação do Brasil com a medida considerada unilateral e prejudicial às relações bilaterais.
O documento é assinado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Endereçado ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio, Jamieson Greer, o texto expressa “indignação” com a medida adotada pelo governo norte-americano.
“A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países”, afirmam Alckmin e Vieira no ofício, lembrando os 200 anos de relação diplomática entre Brasil e Estados Unidos.
A carta é dividida em cinco pontos e acompanha uma “minuta confidencial de proposta” que o governo brasileiro afirma ter enviado anteriormente. Nela, são listadas possíveis áreas de negociação e alternativas para a construção de uma solução consensual. O governo reforça que está aberto ao diálogo e deseja mitigar os efeitos negativos da medida sobre o comércio bilateral.
“Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira”, diz um trecho da carta.
A medida de Trump foi anunciada como parte de uma nova política de “reciprocidade econômica”, que tem gerado tensão com diversos parceiros comerciais. O Brasil busca, por meio do diálogo, evitar retaliações e proteger setores estratégicos da economia nacional que seriam diretamente impactados com a elevação tarifária.
O Planalto considera a manutenção de canais diplomáticos essenciais para preservar o bom relacionamento com os Estados Unidos, seu segundo maior parceiro comercial, e evitar um agravamento da crise comercial que começa a se desenhar.
