Em um momento de grandes turbulências sociais no Brasil, no qual cada setor da sociedade deve ter sua representatividade assegurada, um tema de viés religioso importante, que toma conta do nosso dia a dia, é conciliar a profissão da nossa fé com o respeito às crenças de outras pessoas.
Esse assunto tem ganhado ainda mais destaque porque nosso país pede unidade para defender a instituição que é célula máter da sociedade: a família, primordial na construção da cidadania. No nosso entendimento, fazer esse trabalho passa por fortalecer valores como o respeito, a fraternidade e o amor.
Esses são princípios cristãos e não ferem a manifestação de outras religiões, nem desrespeitam o que encontramos na legislação fundamental do país. A Constituição Federal Brasileira define que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza e isso significa que brasileiros e estrangeiros que moram no país não podem ter violados os seus direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
No que diz respeito à fé, é inviolável a liberdade de consciência e de crença. As pessoas devem ter assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e ter a garantia de proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
Uma ressalva, entretanto, é que esses direitos e garantias fundamentais não são absolutos, mas eles se limitam uns aos outros. Por exemplo, não se pode invocar o livre exercício dos cultos religiosos para justificar a perturbação do sossego em uma vizinhança.
Ou seja, devemos buscar a todo momento o equilíbrio entre diferentes grupos do nosso meio social. E nesse contexto, é possível, sim, defender o fortalecimento da família como pilar social, a partir de valores cristãos. Isso não conflita com o respeito a outras religiões.
Aliás, Cristo veio à Terra para mostrar que devemos amar o próximo como a nós mesmos e isso inclui respeitar a expressão de fé de quem convive conosco em sociedade, mesmo que não seja a nossa.
*Erick Lessa é delegado a Polícia Civil de Pernambuco e atualmente desempenha a função de consultor técnico da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Governo de Pernambuco.