Que israelenses palestinos discordam em quase tudo, é conhecido. neste domingo, esse antagonismo ficou claro também entre os brasileiros que vivem dos dois lados da fronteira. Os cidadãos do Brasil que moram em Israel e os que moram nos territórios palestinos demonstraram preferências opostas na eleição do próximo presidente. Isso ficou claro assim que os dados dos boletins de urna foram afixados nas portas das sessões eleitorais em Tel Aviv, Israel, e Ramallah, na Cisjordânia, logo depois das 17h (13h em Brasília): Aécio Neves (PSDB) venceu com ampla margem entre os israelenses, com nada menos do que 90% dos votos, sendo que a presidente Dilma Rousseff (PT) recebeu apenas 8%. Já entre os palestinos, os resultados foram opostos: Dilma venceu de longe, com 84% dos votos, e Aécio recebeu apenas 14%.
Não é a primeira vez que a oposição entre Israel e Palestina se reflete nas eleições presidenciais do Brasil. Os resultados praticamente repetem os das eleições de 2010 e 2006, quando os candidatos do PSDB (José Serra e Geraldo Alckmin, respectivamente) venceram em Israel e os do PT (Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva), entre os palestinos. Um dos motivos para essa diferença tão clara é a visão que os brasileiros de Israel têm da maneira como o governo do Partido dos Trabalhadores se relaciona diplomaticamente com o Estado Judeu. Para eles, o Itamaraty tende a priorizar as relações com os palestinos.
Mas, para muitos eleitores brasileiros, os governos Lula e Dilma deram provas de que simpatizam com os palestinos. Em 2011, o Brasil foi o primeiro país da América Latina, por exemplo, a reconhecer a Palestina como nação depois de uma votação na Assembleia Geral da ONU. O reconhecimento abriu um precedente e outros países da região seguiram os passos do governo Dilma (Daniela Kresch).