A responsabilidade de Pernambuco com o Brasil – por Eugênia Lima*

Mário Flávio - 20.10.2021 às 10:55h

O Estado de Pernambuco sempre foi um dos protagonistas na formação econômica, cultural e acadêmica do Brasil. O patrono da educação brasileira, Paulo Freire, é pernambucano e até os dias de hoje, em que celebramos seu centenário, continua importante e indispensável para a formação de novas gerações. Na cultura, somos a unidade federativa que mais apresenta ao país efervescência musical, em estilos como o afoxé, o coco, o frevo, o maracatu, o forró e o manguebeat. Temos orgulho da nossa culinária, do nosso jeito de falar e ser, entre tantas outras contribuições que já fizemos para construção da identidade de ser brasileira(o).

Inicio com essa pequena reflexão cultural e intelectual da importância do nosso estado para relembrar os compromissos e as responsabilidades que todas nós, pernambucanas e pernambucanos, temos na construção de um Brasil mais justo e democrático, sem desigualdade social e com oportunidade para todas e todos. Também é importante que reivindiquemos nosso caráter libertário e insurgente lado a lado com o povo que historicamente nos posiciona à esquerda no cenário político nacional.

Diante da nossa História e da infeliz atuação do senador Fernando Bezerra Coelho na CPI da Covid, líder do governo Bolsonaro, eu chamo a atenção o PSB, partido que nos governa há quatro mandatos. É necessário que assumam que as suas escolhas políticas erráticas para garantir a hegemonia em Pernambuco nos levaram a esta situação vergonhosa no Senado Federal.

A chapa eleitoral do PSB de 2014, a qual elegeu Paulo Câmara governador e Fernando Bezerra Coelho para o Senado Federal, não se sustentou pela ausência da solidez de um programa político comprometido, de fato, com a nossa gente. Hoje assistimos estarrecidas a um senador que foi eleito pela Frente “Popular” atuar em defesa de um governo irresponsável e genocida.

A CPI da Covid já revelou a negação da ciência na maior crise sanitária do País, um esquema de corrupção na compra das vacinas, além de um estudo criminoso com cobaias humanas por parte de empresas privadas, incentivadas pela política do Governo Federal. A atuação do senador, que chegou até virar meme na internet, envergonha cada voto que foi dado a ele. Vale lembrar que nesse caso de estelionato eleitoral não há vítimas ou inocentes entre os que foram eleitos.

O modo de fazer política do PSB apresenta essas contradições pelo seu método. Para se manter no poder vale tudo. Vale abdicar de valores essenciais para o desenvolvimento do nosso Estado. Vale, também, se aliar com quem nunca esteve ao lado do povo de Pernambuco. Basta recordar que na mesma eleição de 2014, o PSB emprestou vergonhoso apoio ao candidato Aécio Neves, do PSDB, que protagonizou umas das campanhas mais sujas da história recente do Brasil e iniciou o ataque às instituições democráticas ao desacreditá-las após não aceitar a derrota.

Ataques estes que resultaram no golpe político, que com votos do PSB, removeu a legítima presidenta Dilma Rousseff do poder, e que afundaram o nosso país na crise política e institucional que culminou na eleição de Bolsonaro.

A vexatória atuação de FBC também é consequência da desastrada atuação política do PSB, que findou por eleger, na sua base, o líder do governo Bolsonaro. O partido de Miguel Arraes vem se esquecendo dos valores defendidos pelo manifesto de João Mangabeira. Nosso estado já disse “Não!” ao projeto neoliberal da presidência inúmeras vezes. Em 2018, também votamos contra a intolerância e a violência política. Pernambuco será fundamental para derrotar Bolsonaro. Como também será essencial, para nós, superarmos o bolsonarismo e seus alicerces no Senado e na Câmara Federal.

Por isso, nós do PSOL, estamos diariamente nos movimentos sociais, coletivos, sindicatos e nas ruas em busca da unidade do campo popular e democrático. Ativas pela construção de uma verdadeira alternativa à esquerda em Pernambuco que possa realizar a transformação que o povo necessita.

Do mesmo modo, também trabalhamos pela unidade na esquerda a nível nacional para derrotar o governo neoliberal, genocida e corrupto de Bolsonaro. Na luta com as mulheres, negras/os, povos indígenas, LGBTQIA+, pessoas com deficiência, trabalhadoras/es, seguimos com disposição para construir uma cultura política que se baseie na verdade, no debate das ideias, no desenvolvimento sustentável e dos interesses do povo.

Pernambuco vai voltar a se orgulhar de sua atuação política. Com um projeto capaz de superar esse ciclo oligárquico e sem deixar a semente neofascista dar frutos, ocuparemos o espaço nacional de vanguarda popular e progressista que historicamente nos pertence.

*Eugênia Lima é presidenta do PSOL Olinda.