Nos últimos meses a Vaquejada se tornou pauta nacional quando o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou inconstitucional o projeto de lei que regulamentava o esporte no Estado do Ceará. Essa decisão torna ilegal a atividade, um dos marcos representativos da cultura do Nordeste brasileiro.
Numa votação apertada de seis votos contra cinco, os magistrados consideraram a Vaquejada um esporte brutal para com o animal, lembrando que a constituição brasileira considera ilegal todos os tipos de maus-tratos aos animais. Mas esquecem os excelentíssimos Ministros que a Vaquejada não é apenas um simples esporte, é também um patrimônio cultural nordestino, que está enraizado nas fundações da nossa Região, dos nossos antepassados.
A Vaquejada é uma atividade que nos leva às nossas origens, mobiliza pessoas, gera emprego e renda, e é parte fundamental da economia de algumas cidades de Pernambuco. Regiões inteiras em todo o Nordeste dependem dessa atividade como fonte de renda, principalmente em época de seca, quando as Vaquejadas trazem uma garantia financeira buscando equilibrar a economia das cidades atingidas.
São vários os envolvidos na atividade, desde o vaqueiro que derruba o boi, até o artesão que tira do couro a sua renda. Todos eles seriam atingidos por essa decisão. O STF lembra da suposta dor causada nos animais, mas esquece da dor que essa decisão vai gerar em todos os pais de família que podem perder seus empregos, sua fonte de renda, sua identidade cultural.
Como Deputado Federal estou preocupado no impacto que essa decisão precipitada terá na vida de milhões de nordestinos que enxergam a Vaquejada não apenas como um esporte, mas como uma atividade cultural, um símbolo de seu orgulho. Por isso me engajo nessa luta, tendo assinado desde o primeiro momento o documento da frente parlamentar de defesa da Vaquejada, além de estar buscando todas as ações possíveis para resolver esse impasse.
Acabar com a Vaquejada seria acabar com uma grande parte da cultura nordestina. Cultura essa que vai muito além das pistas, chegando até nas artes, como é o exemplo do trabalho de Luiz Gonzaga, ou dos muitos cordéis e repentes de vários artistas de nossa terra. A luta não pode ser pelo fim do esporte, mas pela sua regulamentação. Intensificar a fiscalização com o intuito de coibir qualquer tipo de maus-tratos aos bois e aos cavalos, garantindo segurança ao vaqueiro e aos animais que fazem parte da festa. Temos que buscar uma regulamentação e fazer com que a Vaquejada seja cada vez mais bem praticada e lembrada como um símbolo da nossa Região.
*Jorge Côrte Real é Deputado Federal pelo PTB de Pernambuco.