Artigo – Como fica a esquerda em Caruaru daqui pra frente? Por Paulo Nailson*

Mário Flávio - 03.10.2016 às 16:37h

Terminado esta etapa da disputa eleitoral começa um novo momento e surge uma nova inquietação: quem apoiará quem neste segundo turno? Com o cenário colocado, como as forças de centro-esquerda ou esquerda vão se posicionar tendo em vista que a disputa agora é entre o candidato do PMDB x PSDB? Apelarão para uma terceira via da neutralidade?

Minha reflexão começa pelo PCdoB, de início observando que foi bem sucedido na campanha proporcional reelegendo o vereador mais votado, Edmilson do Salgado, com quase cinco mil votos. Quando analisamos por força partidária, encontramos a legenda mais uma vez na frente das demais com os candidatos e candidata do PCdoB somando 6.047 votos. Daí em diante vem os do PT com 5.184 votos, PSDB 4.528 votos, PSB 3.841 e na seqüência DEM, PSOL, PTB e PCB. Com bravura, ações coletivas e superando as muitas dificuldades e limitações o partido se firmou em todos os sentidos. Então é necessário comemorar os resultados alcançados até agora.

Resultados inclusive que refletem o bom momento da legenda no cenário nacional, apesar de uma conjuntura totalmente adversa. O PCdoB sai desta eleição, até agora, com saldo positivo de 73 Prefeituras comparando com 51 anterior. Só no estado do Maranhão elegemos 42 prefeitos. Mas a questão em pauta é: Para onde nos inclinaremos no segundo turno em Caruaru?

Primeiro é necessário levar em conta que o PCdoB compõe a atual gestão e seu candidato foi Jorge Gomes (PSB), juntos participamos das conquistas e avanços colaborando efetivamente em segmentos estratégicos e relevantes desenvolvendo políticas públicas para Cultura, Participação Social, Saúde, Educação, Juventude e vários outros setores. Não saímos sozinhos, marchamos na coligação “Caruaru Cada Vez Melhor” com PP, PDT, PT, PTC, PSB, PRP. Então um bom começo é ver o que sinaliza esta frente antes de decidir.

Ouvir sua base militante é essencial, além de permanecer discutindo e debatendo os temas da Cidade de forma pública e coletiva. Mas abandonar o processo pode ser um pecado de omissão que nos levará a cobranças futuras. Melhor é ponderar antes de decidir precipitadamente. Levar em conta que “há casos em que a realidade local pode sobrepor a nacional”, como afirmou em entrevista a Folha de São Paulo a nossa presidente Luciana Santos, disputando em Olinda, justificando casos como o candidato do PSDB no Piaui, Firmino Filho, que ganhou a eleição na coligação “O Povo, Rumo à Vitória” tendo o PCdoB aliado à partidos como DEM, PMDB, PRB, PSB, PP, PRP, PRTB, PT do B, etc.

Mas como? Não são partidos golpistas? Mas no caso de Recife que apoiamos Geraldo (PSB), com seis parlamentares da legenda votando contra Dilma? Em Maceió apoiamos Cícero Almeida do PMDB (este votou pelo afastamento de Dilma)? Então o chamamento para uma leitura local diante do que realmente interessa e está jogo para a cidade precisa ser cuidadosamente observado. Antes de batermos em retirada temos que olhar os horizontes que possam nos fazer crescer ainda mais sem necessariamente perder princípios e dignidade.

Onde o partido está bem organizado, que assim entendo que é o caso de Caruaru, precisamos com o que ainda consideram-se campo das esquerdas observar um candidato onde a discussão do programa preceda a discussão das alianças, para sabermos com quem e como se unir de forma transitória ou permanente.
Nesse sentido é que precisamos ter cuidado. A Política de Alianças deve responder basicamente a estas duas questões: com quem e como vamos nos unir para alcançar determinado objetivo, seja este a curto prazo (objetivo tático), médio prazo ou longo prazo (linha estratégica).

Isso precisa estar muito claro entre os dirigentes e o coletivo do partido, e quando isso não acontece acaba tornando a ação da legenda impotente diante do desalinhamento com os objetivos da organização. Uma organização que tenha lucidez programática e dê continuidade ao seu próprio trabalho social conseguirá firmar alianças corretas sem ficar refém das conjunturas, caminhando, assim, rumo aos objetivos que intenciona atingir.

Enfim, o PCdoB Caruaru ainda não decidiu seu posicionamento no segundo turno e se pronunciará depois de reunião com sua direção, militância e com lideranças que compuseram a coligação “Caruaru Cada Vez Melhor”.

*Paulo Nailson A. Lima
É militante do PCdoB Caruaru, onde atua como membro da Executiva Municipal.