É muito comum nós imaginarmos que grandes figuras, grandes líderes ou indivíduos que são considerados relevantes, importantes pra história, são aqueles que merecem ter sua vida registrada numa biografia. Mas também existem, pessoas comuns que também tem vidas extraordinárias e que também merecem um registro e neste momento histórico em nossa cidade, queremos registrar essas extraordinárias histórias, vividas por pessoas comuns, gente da nossa gente. Pessoas que até hoje, fazem perpetuar histórias, culturas e tradições.
Mulheres que ao contrário da Princesa Isabel, são verdadeiras heroínas e negras que mudaram e continuamente protagonizam a história na cidade de Caruaru, porém vivem de modo invisíveis para sociedade. Contribuidoras para o crescimento dos processos históricos da cidade, cada uma em sua singularidade e em setores diferentes.
O título do Projeto nos convida a refletir na importância da ruptura com o paradigma eurocêntrico, onde os herois e heroínas são sempre dentro de padrões europeus, sempre invisibilizando os verdadeiros protagonistas de nossa história: os brasileiros, pernambucos, caruaruenses.
Em 13 de Maio de 1888, conta a história tradicional eurocêntrica que a Princesa Isabel, libertou os escravos. Hoje, com as perspectivas pós coloniais, temos consciência que por um ato político e econômico, nós negros, fomos excluídos da sociedade e postos às margens da sociedade, ocupando morros, sem trabalho, sem alimentação certa, sem moradia. E foi assim que percebemos que Isabel, não foi nossa heroína, nem libertou ninguém.
Heroínas são na verdade, as mulheres que lutam por melhorias, mesmo com todas as dificuldades, sociais e econômicas que vivem em suas famílias, mulheres que enfrentaram uma sociedade racista, excludente, preconceituosa e romperam com a hegemonia dominante e hoje faz parte de um povo que sonha com dias melhores e em suas práticas, fazem com que essas melhorias sejam possíveis.
Esse é o caso de Dona Lindaura, esposa de seu Gerson do Boi Tira Teima, que acreditou na paixão de seu esposo, tendo como uma das múltiplas possibilidades da arte, o Boi Tira Teima. Hoje aos 86 anos, continua, juntamente com seu filho, Roberto Gersino a luta pela continuação dessa tradição que já faz parte da história local, da história da nossa cidade, de todos os caruaruenses.
Assim também, na luta, foi que Lucimary Passos, professora, advogada e militante social, foi meio de transformação em nossa sociedade. Enfrentando situações adversas, sempre em nome dos nossos irmãos menos favorecidos, tentando incluir jovens infratores numa unidade eu seria para reeducação. Lutando pelas mulheres que se sentiam desvalidas, sozinhas na vida, pelo fim do racismo e pelo fim da intolerância religiosa.
Por fim, a professora de Capoeira Bahianinha, que através de uma intelectualidade não acadêmica, interligada a sabedoria popular, incentiva jovens e adultos a saírem do mundo da marginalidade e adentrarem num universo esportivo, através da capoeira, sempre dialogando com as escolas que esses sujeitos estudam, na busca de resgatá-los à sociedade e serem protagonistas de suas histórias.
Por esses motivos, nossa heroína nem foi, nem será Isabel, são as Lindauras, Lucimarys e Bahianinhas! No plural, pois em cada uma delas, vemos as mulheres de luta do dia a dia, nós mulheres negras e não negras, caruaruenses, mulheres de luta, que não desistem fácil, que nos sonho, praticamos estrategicamente, esse tão falado “Mundo Melhor”!
Este texto, faz parte de um projeto que será vivenciado neste próximo 13 de Maio, o qual está sob conformidade das Leis 10639/2003, uma vez que nosso público alvo são estudantes da rede municipal de ensino do município de Caruaru, assim, como a Lei Municipal 5.482 de 7 de Julho de 2014, uma vez que 13 de Maio, inicia Semana Municipal da Capoeira e do Capoeirista, tendo em vista, apresentações de Capoeira, Mesas Redondas, exposições e Conferência Magna aos estudantes caruaruenses e público em geral.
Seus objetivos se pautam em aplicabilizar a Lei Federal 10639/2003 no município de Caruaru; Aplicabilizar a Lei Municipal Caruaruense, 5.482 de 7 de Julho de 2014; Conferir títulos de Agradecimento às Mulheres Negras Caruaruenses, citadas no projeto, por suas ações protagonistas pela cidade; Possibilitar aos estudantes, familiares e população caruaruense em geral, momento de aprendizagem histórico culturais e incentivar a população caruaruense a valorizar cada vez mais as pessoas e histórias locais.