Opinião – Reflexões para o Dia do Trabalhador – por Paulo Naílson*

Mário Flávio - 29.04.2014 às 09:26h

Nesta quinta-feira comemora-se o Dia do Trabalhador, além de feriado para os que podem dar uma pausa na labuta diária, é momento também de lembrar fatos históricos, importantes conquistas e encarar duras realidades.
Registra-se que o Dia Mundial do Trabalho foi criado em 1889, por um Congresso Socialista realizado em Paris. A data foi escolhida em homenagem à greve geral, que aconteceu em 1º de maio de 1886, em Chicago, o principal centro industrial dos Estados Unidos. Conta a história que milhares de trabalhadores foram às ruas para protestar contra as condições de trabalho desumanas a que eram submetidos e exigir a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. Naquele dia, manifestações, passeatas, piquetes e discursos movimentaram a cidade. Mas a repressão ao movimento foi dura: houve prisões, feridos e até mesmo mortos nos confrontos entre os operários e a polícia.

Em memória dos mártires de Chicago, das reivindicações operárias que nesta cidade se desenvolveram em 1886 e por tudo o que esse dia significou na luta dos trabalhadores pelos seus direitos, servindo de exemplo para o mundo todo, o dia 1º de maio foi instituído como o Dia Mundial do Trabalho. Então desde a sua origem a data remete a luta pelos direitos dos trabalhadores. Campanhas e mobilizações reivindicando maiores salários e redução da jornada de trabalho são antigas e sempre presentes. Os líderes grevistas não poucas vezes são identificados de cafajestes, preguiçosos e canalhas que buscam criar desordens, e manifestações ardentes e de massas são geralmente reprimidas pela policia.

A luta pela igualdade, pelo fim da exploração e das injustiças espalha-se por todas as nações. Muitos foram os que tombaram na luta por mundo melhor, do massacre de Chicago aos dias atuais. Hoje temos avanços na tecnologia que aumenta a instabilidade, temos jornadas mais longas com salários mais baixos, diante de tanta demanda é fácil descartar um funcionário e, sem contar também com a pouca mão de obra qualificada.

Números recentes das Nações Unidas revelam que na Ásia existem 146 milhões de crianças trabalhando nas fábricas, e um milhão de crianças são lançadas no comércio sexual a cada ano. No domingo passado, aqui no Brasil, a polícia do Rio de Janeiro prendeu três homens acusados de manter quatro pessoas sob trabalho escravo durante dez anos. Trabalhavam dezessete horas por dia, com direito a duas refeições diárias, sem remuneração e vivendo em condição sub-humana. Aqui no Brasil as comemorações do 1º de maio teve sua primeira celebração em Santos, em 1895, por iniciativa do Centro Socialista, entidade fundada em 1889 por militantes políticos como Silvério Fontes, Sóter Araújo e Carlos Escobar. A data foi consolidada como o Dia dos Trabalhadores em 1925, quando o presidente Artur Bernardes baixou um decreto instituindo o 1º de maio como feriado nacional.

Desde então, comícios, pequenas passeatas, festas comemorativas, piqueniques, shows, desfiles e apresentações teatrais ocorrem por todo o país, vindo a ganhar status de “dia oficial” com Getúlio Vargas, quando ele anunciava as principais leis e iniciativas que atendiam as reivindicações dos trabalhadores, como a instituição e, depois, o reajuste anual do salário mínimo ou a redução de jornada de trabalho para oito horas, o Ministério do Trabalho, promoveu uma política de atrelamento dos sindicatos ao Estado, regulamentou o trabalho da mulher e do menor, promulgou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), garantindo o direito a férias e aposentadoria.
Já na Constituição de 1988 conseguiu-se uma série de avanços como as Férias Remuneradas, o 13º salário, multa de 40% por rompimento de contrato de trabalho, Licença Maternidade, previsão de um salário mínimo capaz de suprir todas as necessidades existenciais, de saúde e lazer das famílias de trabalhadores, etc.

Recentemente vimos os trabalhadores domésticos e outras categorias sendo reconhecidas e, no início deste mês de abril, pela primeira vez na história, um brasileiro passa a presidir a principal confederação da classe de trabalhadores do mundo, João Felício, secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT) foi eleito à presidência da Confederação Sindical Internacional (CSI), sendo também o primeiro latino-americano a presidir essa importante central internacional. A CSI congrega 175 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, associados a 311 entidades afiliados em 155 países e territórios.

A luta nos dias de hoje continua por parte dos trabalhadores em manter todos os direitos constitucionais adquiridos e buscar mais avanços na direção da felicidade de todos seres humanos que amam, desejam, constroem e sonham por um mundo mais justo, sem exploração nem abuso de poder.

CORRIDA ELEITORAL
A corrida eleitoral já está ocorrendo visível e amplamente. As “propostas” dos candidatos começam a ser apresentadas para o debate público. Algumas têm sido oferecidas como inovadoras. Na verdade, nada mais são do que o velho, o ultrapassado, com uma roupagem nova. Vamos ficar atentos!!!

MULHERES EM MARCHA
No próximo sábado, 03 de maio, acontece o I Encontro da Marcha Mundial das Mulheres no Agreste de Pernambuco. Acontece na sede do MMTR-NE, que fica na rua Luiz Gonzaga Etevaldo Gomes, 40, bairro Agamenom Magalhães, próximo ao Terminal Rodoviário. Mais informações e inscrições: [email protected]

FRASE REFLEXÃO:
”Eu não insisto que ninguém concorde comigo em muitas coisas, incluindo assuntos políticos, e eu evito colocar minhas crenças pessoais no caminho dos outros em todos os sentidos, seja na Mozilla, seja na internet. Eu espero o mesmo em troca”. – Brdan Eich. Fonte: Revista Exame

*Paulo Nailson escreve semanalmente no blog Política de AaZ. No Jornal de Caruaru tem a coluna Cultura e Cidadania e é responsável pelo blog presentiaonline. Atua na Cultura e no meio político.