Jajá espalha tudo no ventilador e vai ter que provar acusações

Mário Flávio - 07.02.2014 às 20:25h

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O vereador Jajá (sem partido) concedeu entrevistas polêmicas ontem e hoje em jornais e emissoras de radio e TV de Caruaru e Recife. Ele abriu o verbo e revelou detalhes de uma relação promíscua existente entre o Executivo e Legislativo. Segundo ele, a questão vai além da Operação Ponto Final e revela um verdadeiro “toma lá, da cá” firmado desde a eleição da Mesa Diretora. Mesmo sem revelar detalhes, o vereador deixou entender que houve influência para ele e Rozael do Divinópolis (Pros) votarem em Leonardo Chaves (PSD). A maioria da bancada governista queria Lula Tôrres para presidente, mas após articulação do Executivo, Chaves foi reconduzido à presidência.

O segundo passo dessa complicada relação seria, segundo Jajá, a votação do polêmico PCC da Educação, que foi aprovado as pressas no dia 31 de janeiro de 2013 e até hoje é motivo de crise entre a prefeitura e professores. O edil garante que houve negociação de cargos para que o projeto fosse aprovado e por isso, que segundo ele, a maioria votou sem ler o documento, como depois muitos vereadores afirmaram ao longo do ano em entrevistas. As declarações de Jajá são gravíssimas e podem servir de base para ações na justiça para que projetos sejam anulados. O Sismuc vai solicitar cópias das entrevistas para analisar se aciona a justiça.

Nas entrevistas o vereador Jajá teve como alvo o secretário de Relações Institucionais, Marco Casé, o líder do governo na Câmara, Ricardo Liberato e até mesmo o próprio prefeito Zé Queiroz. Ele lembrou detalhes de como quase fez parte da base do governo e como se davam as negociações de cargos e até mesmo agregar veículos para votar a favor de projetos do Executivo. Em outros trechos da entrevista, o vereador falou em montantes que teriam sido oferecidos a ele e encontros que supostamente teria tido com Marco Casé, para negociar valores.

Ele apresenta três pedidos de informação que teria feito a prefeitura para tentar provar que existem funcionários fantasmas. As Pastas foram Saúde, Educação e Infraestrutura. Segundo Jajá, foi oferecida num encontro com Marco Casé, a quantia de 50 mil reais para que ele retirasse os pedidos, mas ele não aceitou. O prazo para o envio das informações da prefeitura venceu no dia 21 de dezembro, quando o edil ainda estava preso. O Ministério Público pediu ao presidente Leonardo Chaves que enviasse as informações.

A metralhadora de Jajá foi disparada ainda contra outros políticos e alguns colegas de Casa. Ele vai ter que provar tais acusações, isso é fato, mas as revelações são graves, com detalhes de encontros e nomes revelados, o que coloca mais uma vez a relação entre Câmara e Executivo em xeque.

EM JUÍZO – A prefeitura segue sem dar muito crédito as falas de Jajá. Por meio de nota informou, mais uma vez, que só vai se pronunciar em juízo. O prefeito Zé Queiroz quando é interpelado por jornalistas segue evitando falar sobre o assunto.

SILÊNCIO – Marco Casé segue sem dar um pio sobre o assunto. Mesmo sendo citado por todos os vereadores nos depoimentos da operação Ponto Final e nas polêmicas entrevistas de Jajá, que afirmou receber uma proposta de 300 mil reais para retirar a assinatura da CPI da CGU e votar a favor do BRT. Ele garante que não aceitou. O momento é de cautela e o petebista apenas faz postagens esporádicas nas redes sociais.

SILÊNCIO 2 – Os vereadores Neto (PMN), Val de Cachoeira Seca (DEM) e Pastor Jadiel Nascimento (Pros) usaram a tática do silêncio nos depoimentos dessa sexta-feira na Delegacia. Como a defesa diz que não houve nada de novo, os vereadores não quiseram falar e só se pronunciam em juízo. O delegado Erick Lessa disse que a decisão dos vereadores é respaldada pela constituição.

COMISSÃO DE ÉTICA – Evitando se pronunciar sobre as acusações de Jajá, o vereador Ricardo Liberato deve acionar a Comissão de Ética na semana que vem, para dar início ao processo de Cassação dos 10 vereadores afastados das funções legislativas. O encaminhamento será feito pelo presidente da Casa, vereador Leonardo Chaves.

CLIMA TENSO – Diante do clima de animosidade e tensão em Caruaru, já se imagina como serão as reuniões da Comissão de Ética para ouvir os depoimentos dos vereadores. Os dez investigados batem pesado no presidente da Comissão de Ética, vereador Ricardo Liberato. Diante dessa situação, uma pergunta: como os vereadores irão se portar diante dele no momento das investigações?

BRONCA – A Primeira Câmara do TCE emitiu parecer prévio recomendando à Câmara Municipal de Bezerros a rejeição das contas de governo da ex-prefeita Bete de Dael no exercício financeiro de 2012. Mais uma noticia negativa para a prefeita que enfrenta um inferno astral sem fim, desde que assumiu o cargo.

INGRATO – O PT segue na investida para que o rótulo de ingrato pegue em Eduardo Campos. Após Humberto, João Paulo e Teresa Leitão, hoje foi a vez do deputado federal Pedro Eugênio. “Por trás da ingratidão, está o fato de que os recursos, decisões e iniciativas do governo do PT foram decisivos para a boa avaliação da gestão de Eduardo”, disse.

NA REDE – Alheio as críticas dos petistas o governador Eduardo Campos promoveu uma conversa com os internautas. Ele passou boa parte da tarde respondendo as perguntas pelo Twitter. Uma boa iniciativa para conversar com os eleitores e apresentar o plano de governo dos partidos PSB/REDE.