
O Sindicato colocou em evidência as negociações com a prefeitura de Caruaru desde 2012 – Crédito: Rafael Lima/ FP
O Sindicato dos Médicos de Pernambuco se pronunciou sobre reportagem produzida pelo Jornal Nacional na semana passada, que evidenciou que um posto de saúde em Caruaru sofre com a falta de médicos, como em outras situações similares de cidades de pequeno e médio porte, no dia 12 de julho. Segundo o sindicato, o “déficit de médicos” apontado cidade deve ser explicado por fatores relacionados a um contexto em que investimentos na Saúde não acompanham o rumo do desenvolvimento nacional, estadual e municipal.
No contexto
Grandes cidades também têm carência de médicos
“Em Caruaru há apenas duas escolas públicas de nível superior, desse modo, os estudantes que terminam o ensino médio e não conseguem vaga nessas instituições migram para outras cidades, ou realizam seus estudos universitários em uma das quatro faculdades particulares do município. As dificuldades na continuação do aprendizado não se encontram apenas no nível superior, pois só 9% dos estabelecimentos de educacionais tem ensino médio, enquanto 56,6% o ensino fundamental, e 34,3% pré-escola”, introduz o texto, para relacionar o problema de fixação de médicos também com a falta de cursos locais.
Em relação aos serviços de saúde, o texto destaca que no município estão instalados três serviços estaduais, os quais atendem usuários de mais de 80 municípios da região. Sendo eles: Hospital Regional do Agreste; Hospital Jesus Nazareno, referência para gestação de alto risco, e que no momento passa por um processo de municipalização, devido à construção do Hospital da Mulher; e UPA Caruaru, único serviço público do município que não se encontra sob administração direta do governo. Também está em construção a Unidade Pernambucana de Atendimento Especializado e o Hospital Mestre Vitalino. A carta dá ainda ênfase às unidades de serviços especializados, de Políclinas a Núcleos de Apoio à Saúde, SAMU e Centros de Referência de Assistência Social, o que, ainda assim, veio acompanhado de críticas do sindicato.
“Apesar dessa rede de estabelecimentos municipais de saúde parecer ampla, ela representa apenas 47,2% dos serviços em saúde existentes em Caruaru, enquanto que em Pernambuco os serviços de saúde municipais correspondem a expressiva fatia de 64,7%, ultrapassando até mesmo o percentual a nível nacional (52,9%), dados do IBGE”, avalia o sindicato.
O texto segue dizendo que, a partir de tais dados, em Caruaru, a Atenção Básica, através da ESF conseguia cobrir, parcialmente, 51% da população, pois das 42 ESF várias estavam sem equipe completa, principalmente sem médico, algumas unidades há mais de um ano. A gestão municipal conseguiu melhorar sua cobertura médica após a elaboração do Plano de Cargos, Carreiras, Vencimento e Desenvolvimento (PCCVD); a realização do Concurso Público de 2012; e após a melhoria dos honorários médicos.
Apesar disso, o Simepe destacou ainda a necessidade de manifestação da categoria para garantir direitos trabalhistas como o 13º salário referente ao ano 2012, o qual foi pago com atraso só em 2013, sendo que parte do 13º salário dos médicos do SAMU deverá ser paga até 30 de julho. “Em junho de 2013, os médicos de Caruaru, reunidos através de AGE, passaram a discutir os problemas da saúde do município, inclusive em audiência na Câmara Municipal, quando ficaram acordados 14 pontos de reivindicação. Infelizmente alguns prazos já se venceram e os gestores municipais não cumpriram o acordado. Assim, e por tudo que foi exposto acima, fica difícil fixar médicos no município de Caruaru”, argumenta a categoria.
Dessa forma, o sindicato coloca deficiências de condições de trabalho e relações trabalhistas como principais fatores da pouca oferta de profissionais na Capital do Agreste. “Considerando que o Estado tem por obrigação prover profissionais para assistir a população, as entidades médicas propuseram concurso público, a ser realizado pelo Ministério da Saúde, e Plano de Cargos, Carreira e Salários para os profissionais da saúde. Pois onde não há médicos, também não há enfermeiros, dentistas, farmacêuticos e bioquímicos. Contudo, tais propostas não estão na pauta desse governo. Tenham certeza que pode faltar tudo, só não falta a boa vontade do médico”, conclui a carta.